Há algum tempo escrevi um artigo defendendo que o fato de muitas escolas do país não terem sequer uma biblioteca me preocupava menos do que as que têm uma e não são frequentadas por ninguém; ou pior, são trancadas a chaves por uma falsa “tutela” do diretor da escola, que zela por livros limpinhos. Um livro fechado na estante, defendi, não significa evolução cultural – mas estagnação de curiosidade, o pior dos males.
Alexandre Sayad
Alexandre Sayad
O que o educador venezuelano Bernardo Toro alertou, ainda nos anos 80, para uma alfabetização imagética e visual, ainda é uma utopia na escola ocidental, que só pensa em letras e não em imagens. Há ainda um esforço mundial, conduzido pela UNESCO, para que a mídia, que é uma lente poderosa e onipresente de olhar para o que acontece no planeta, também tenha na sua alfabetização – uma necessidade de primeira ordem.
Em suma, hoje as letras são apenas parte do que precisamos para nos comunicar, compreender e ser compreendido. A arte, a comunicação, a mídia – tudo faz parte de um universo de códigos e experimentações no qual o estudante, desde os primeiros anos, deve também estar inserido. A escola, na sua eterna batalha ideológica e construção de identidade, não dá conta nem da metade desse recado.
Alexandre Sayad é jornalista especializado em direitos humanos, colaborou com O Estado de S. Paulo e Rádio Eldorado, e coordena programas de Civic Midia, com a Universidade de Harvard.

Nenhum comentário:
Postar um comentário