No Brasil, discussão acontece no Congresso desde 2009 e prevê direito a voto para quem mora há mais de 4 anos no país
Gabriela Néspoli
Gabriela Néspoli
Na França, por exemplo, Jean-François Copé, presidente da UMP (União por um Movimento Popular), apresentou em outubro proposta de revisão da política do país para obtenção de cidadania francesa por estrangeiros.
Centenas de estudantes protestaram contra deportação de estudante e política de imigração do governo por dois dias consecutivos
A ideia é dificultar a concessão a crianças francesas cujos pais são provenientes de outros países, o que atualmente ocorre de maneira automática quando estas completam dezoito anos. Pesquisas demonstram um forte apoio popular à proposta: 72% dos franceses são a favor da mudança.
O interesse governamental na restrição dos direitos de estrangeiros também é evidente na nova lei de imigração britânica, apresentada neste ano pelo Ministério do Interior da Inglaterra. O projeto do grupo conservador ligado ao premiê David Cameron introduz diversas medidas discriminatórias no quadro legal do país.
Dentre elas, figura a redução do número de decisões de deportação que podem ser contestadas por recurso, além da determinação que imigrantes acusados de algum crime sejam primeiramente deportados, para somente depois poderem contestar suas acusações. A reforma deve entrar em vigor na Inglaterra no primeiro semestre de 2014.
Para Thiago Rodrigues, professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense, essas medidas são reflexo da crise. “Políticas xenófobas que já existiam vêm ganhando espaço justamente por unirem as diferentes nacionalidades do bloco no temor ao estrangeiro, ao extracomunitário”, afirma o professor.
Estados Unidos
A revisão das leis de imigração dos EUA, que também estabelece a obrigatoriedade do aprendizado do inglês para os estrangeiros que queiram residir no país, está em tramitação na Câmara dos Deputados e deve ser submetida à votação durante os próximos meses.
Brasil
Buscando reverter a defasagem, um grupo de especialistas formulou um projeto de reforma da política migratória brasileira. No entanto, o plano está parado desde 2009 e, desde então, já se desatualizou, segundo Paulo Parise, diretor do CEM (Centro de Estudos Migratórios), de São Paulo. Ao mesmo tempo, existe um projeto tramitando na Câmara dos Deputados que permite que estrangeiros residentes em território brasileiro por mais de quatro anos alistem-se como eleitores.
Parise ressalta, no entanto, que a revisão da política migratória brasileira deve compreender direitos que vão além do voto. “O papel de acolher os estrangeiros no Brasil, de ajudá-los a encontrar moradia, emprego e de ensinar o português tem sido exercido pela sociedade civil. Não existem, atualmente, políticas públicas direcionadas aos imigrantes no país”, afirma o diretor.
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