Desde a instituição do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) em 2000, a Finlândia
tem sempre apresentado desempenho que coloca o país do Norte da Europa no top 10 do ranking. Apesar
do status, o país, que conta predominantemente com escolas públicas, tem como "segredo" a política
de "igualar o nível dos alunos".
Guilherme Tagiaroli
Guilherme Tagiaroli
"Nossos alunos não são os que sempre atingem as maiores notas. O esforço é fazer com que todomundo alcance um determinado nível, o que faz nossos resultados médios serem muitos bons", explicou Outi Pihlman, professora de inglês, que acompanhou a visita do UOL à escola de ensino básico Suutarila em Helsinque. A instituição recebe crianças de 7 a 13 anos.
Um exemplo desse "nivelamento" praticado nas escolas é o tipo de avaliação feita com alunos do primário. O ano letivo começa em agosto no país. Se até o Natal uma criança não consegue ler em finlandês, ainda que devagar, o professor começa a ter suspeitas de que o aluno possa ter algum problema.
As escolas finlandesas não escolhem os alunos por suas notas --uma abordagem chamada, em inglês de "selective schools" (escolas que selecionam, numa tradução livre). A estratégia delas é misturar alunos de diversos níveis ("comprehensive schools", escolas abrangentes em tradução livre), tirando proveito da diversidade da sala.
Infraestrutura e desafio da imigração
Para atingir esses níveis de educação, as escolas contam com suporte de infraestrutura e efetivo especializado. Além dos professores regulares (todos com formação universitária), as instituições recebem visitas de um psicólogo (três vezes por semana) e de um assistente social (uma vez por semana). O primeiro ajuda a diagnosticar possíveis problemas de dislexia, enquanto o segundo tem como função auxiliar o aluno em sua relação com a família (por exemplo, lidar com divórcio dos pais) ou, no caso de imigrantes, na adaptação à vida escolar do país.
Há ainda uma enfermeira em cada escola que cuida da vacinação dos alunos e eventuais problemas, como machucados ou dores de barriga durante aulas de matemática.
"Se uma criança não está indo bem, é dever da escola fornecer aulas extras. Em outros países, os pais devem pagar professores. Mas aqui, a escola tem a função de prover todas as necessidades das crianças", afirmou Outi.
Além de aulas adicionais, ainda é oferecido fora de horário de aula na escola: treinamento para quem tem distúrbios de fala, classes específicas para pessoas com necessidades especiais e o "clube da lição de casa" – uma oportunidade para incentivar quem não tem motivação em casa o suficiente para fazer o dever.
Outra característica que contribui para o sistema educacional do país é a "homogeneidade" das crianças que frequentam a escola no país.
A maioria dos alunos da Finlândia é branca, de classe média e luterana. "É difícil ver um grupo com essas características. Naturalmente, isso ajuda, mas essa situação tem mudado com o aumento da imigração", observou Outi.
O país, diferente de outros mais ao sul da Europa, não teve grandes fluxos migratórios. É um fenômeno recente que, por enquanto, está concentrado na capital. "Até 2025, espera-se que 25% dos alunos em Helsinque sejam imigrantes", informou Kari Töyrylä, diretor da escola Suutarila.
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