15/01/2014 - 20h38
Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Os serviços móveis de imagem da Secretaria de Estado de Saúde já fizeram mais de 100 mil exames, em 87 mil pacientes, de 70 das 92 cidades do estado do Rio de Janeiro. O resultado, obtido no ano passado, foram divulgados hoje (15).
Pioneiro no país, o serviço foi criado em 2009 e conta, atualmente, com duas carretas de tomografia e uma de ressonância magnética, que prestam atendimento em regiões onde a rede pública não dispõe desse tipo de exame ou não consegue suprir a demanda. Os dois tomógrafos atenderam 64.274 pacientes, com 84.624 exames. A ressonância magnética começou a operar em agosto de 2010 e percorreu 32 municípios, atingindo volume de 27.644 exames em 23.260 pacientes.
O exame é marcado pelo paciente, que entrega o pedido médico à secretaria de Saúde municipal, encarregada de encaminhar as demandas à secretaria estadual. Os aparelhos de tomografia custaram R$ 6 milhões e o de ressonância móvel, R$ 5 milhões. Em dezembro, foi adquirido também um mamógrafo móvel, por R$ 2,4 milhões. Essa unidade itinerante fica em Niterói até 30 de janeiro. A previsão é que sejam feitas 1.500 mamografias, 600 ultrassonografias e 100 procedimentos de biópsias por mês.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed), Jorge Darze, considera boa a iniciativa, mas diz que o número de 100 mil exames é “insignificante” para uma população de 16 milhões de pessoas no estado. “O número, quando dito dessa forma, impressiona a opinião pública, e as pessoas ficam achando que realmente foram muitos os exames, mas se for feita a proporção, se dividir isso aí por 16 milhões, é que se verá qual foi a média de exames para cada pessoa, em quatro anos.”
De acordo com Darze, outro problema é a gestão do serviço por instituições privadas. “O que nos preocupa é que o governo do estado tem direcionado recursos da secretaria para o setor privado, porque esses 100 mil exames foram feitos pelo setor privado, e não por instituições públicas, por servidores públicos." Quem faz os exames são empresas privadas, ressaltou o médico. "[É] como aquele [serviço] da Central do Brasil [o Rio Imagem]. Aquilo ali são aparelhos comprados pelo estado, mas quem gerencia são instituições privadas. Então, o governo do estado coloca dinheiro público para o setor privado ganhar dinheiro.”
Para Darze, dessa forma, terceiriza-se uma atividade que deveria ser responsabilidade do Poder Público. “A iniciativa é positiva por um lado, mas, por outro, gasta-se dinheiro público de uma maneira que consideramos irregular. Porque o exame laboratorial faz parte daquilo que chamamos de atividade-fim, e a atividade-fim não pode ser terceirizada." Porém, o governo estadual tem terceirizado a atividade-fim de várias formas, destacou o médico. Segundo ele, os exames de laboratório clínico, em todos os hospitais do estado, são feitos por empresas privadas.
A Subsecretaria de Unidades Próprias da Secretaria de Saúde do Rio destaca, porém, que os serviços móveis de imagem operam no sistema de gestão compartilhada, que gera economia para os cofres públicos. A coordenação, normatização da prestação de serviços e a regulação são feitos pela secretaria, que fiscaliza e monitora permanentemente o trabalho. Em nota, a secretaria informa ainda que o modelo garante o “cumprimento integral do funcionamento do serviço, sem interrupções motivadas por falta de manutenção e insumos ou reposição de peças e ausência de pessoal médico e técnico especializado”.
Edição: Nádia Franco
Nenhum comentário:
Postar um comentário