Após sofrer tantas décadas pela independência, país encara um possível retorno à guerra civil.
Enquanto líderes regionais, até velhos inimigos, tentam conduzir negociações de paz, a
população sul-sudanesa sofre mais uma temporada de confrontos e mortes
Enquanto líderes regionais, até velhos inimigos, tentam conduzir negociações de paz, a
população sul-sudanesa sofre mais uma temporada de confrontos e mortes
Com pouco mais de dois anos de existência, o Sudão do Sul já sofre de alguns dos “males” que imperam no continente há décadas: traições, golpes de Estado, tensão étnica e a iminência de uma guerra civil.
Em meados de dezembro passado, o mundo ouviu Salva Kiir, o presidente do país mais jovem do mundo, dizer que golpistas tentaram tomar o poder e assumir o governo, mas falharam. O golpe de Estado,segundo o presidente, teria sido articulado pelo seu antigo vice, Riek Machar, no que seria uma continuidade da tensão política que o país africano vive há meses, desde quando o presidente dispensou todo o seu gabinete, incluindo Machar, como uma manobra para expurgar seus rivais políticos. Agora, semanas depois, o Sudão do Sul se encontra em uma posição na qual pode reviver mais um conflito sangrento após sua independência do Sudão – em julho de 2011 – naquela que foi a mais longa guerra civil da África.
Velhos inimigos, novos aliados… e vice-versa
Outro temor a respeito do conflito no Sudão do Sul é que ele saia da esfera política e reflita na divisão étnica do país: o presidente Salva Kiir é da tribo dominante Dinka, enquanto Riek Machar é da tribo Nuer e, além dessas duas, existem pelo menos mais 60 etnias diferentes. A divisão interna sul-sudanesa sempre existiu, sendo inclusive uma das grandes fraquezas exploradas por Cartum, durante a longa guerra no Sudão, entre norte e sul.
A questão dos refugiados
Os números exatos como sempre são difíceis de quantificar, mas é seguro dizer que existam entre 170 a 200 mil deslocados internos e refugiados já em outros países, entre Quênia, Etiópia e até mesmo no Sudão.
Enquanto os refugiados em Malakal estão vivendo sem comida ou água, em meio a uma iminente epidemia de cólera, pelo menos 70 mil pessoas tiveram de fugir das regiões ao redor da cidade de Bor, no Alto Nilo. “Até onde sabemos, é a maior população desabrigada do Sudão do Sul”, disse David Nash, chefe da missão dos Médicos sem Fronteiras no país.
Visto como uma das mais importantes cidades do país – o Alto Nilo é o estado com maior produção de petróleo e está no caminho para a capital – a batalha pelo controle de Bor, fez com que milhares de pessoas abandonassem suas casas para se refugiar no mato ou nas margens do Nilo Branco. “Por enquanto, a maior proporção é de mulheres e crianças, então estas são as mais vulneráveis”, completa Nash.
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