Mercado de Café – Comentário Semanal – de 2 a 6 de junho de 2014*
O Banco Central Europeu cortou a taxa de juros para o overnight, a que os bancos comerciais recebem ao depositarem suas reservas com a instituição, de 0% para -0.10%. Os juros interbancários continuam positivos, saíram de 0.25% para 0.15% (tudo ao ano, claro). A entidade também lançou algumas medidas para tentar estimular empréstimos, mas não anunciou nenhuma compra de títulos privados, como se esperava.
O Euro reagiu positivamente depois de momentaneamente enfraquecer. O mercado não acredita que a estratégia do BCE vai ser efetiva para evitar deflação e estimular crescimento, e como órgão tem um histórico de falar mais do que agir, e de agir muito lentamente quando o faz, a pressão deve crescer para medidas mais agressivas nas próximas reuniões.
Foto: Luciana Santos/ Café Editora
Nos Estados Unidos o desemprego não aumentou, e o total de pessoas empregadas conseguiu ultrapassar o pico anterior (138.4 milhões em janeiro de 2008), atingindo agora 138.5 milhões de pessoas.
As bolsas de ações ao redor do mundo subiram nos últimos cinco dias, e os índices de commodities cederam influenciados pelas quedas do café, açúcar, grãos, cobre, e níquel.
O arábica na ICE rompeu rapidamente a mínima que tínhamos visto em 24 de março, recuperando na sexta-feira acima de 170.00 centavos depois que o CNC disse que a safra 14/15 será entre 40.1 e 43.3 milhões de sacas. O dado, um dos três ou quatro divulgados por órgãos oficiais brasileiros (vai entender), ajudou as cotações. Isto tudo depois que o ministro da Agricultura declarou no começo da semana que espera que a CONAB revise os números da safra 14/15 para cima, e que o Brasil terá uma supersafra no ciclo de 15/16 dado os bons tratos culturais.
Por que não organizar dentro de um único corpo técnico e uma única entidade as estatísticas brasileiras, para que se ganhe mais credibilidade local e internacionalmente, e para ajudar os produtores ao invés de confundi-los?
O USDA soltou outro relatório individual das origens, apontando a produção de Honduras para 14/15 em 4.98 milhões de sacas, 383 mil sacas a mais do que o ano passado, apesar de 25% da área cultivada ter sido afetada com ferrugem. O impacto, segundo o estudo, foi amenizado pelo crescimento da área plantada, renovação das árvores por variedades resistentes à doença, e apoio às práticas mais eficientes pelo IHCAFE. O potencial de produção do país caminha para mais de 7 milhões de sacas, e a produtividade é uma das melhores da América Central, 17 sacas por hectare.
Há potencial de crescimento também na África, como em Uganda, Etiópia e Costa do Marfim, embora os entraves sejam a falta de organização política, legislações complicadas e, por consequência baixo nível de financiamento. A Costa do Marfim diz que quer aumentar sua produção de 1.7 milhões de sacas para 5 milhões de sacas, tarefa não tão simples, mas que pode ser ajudada pela remuneração que o robusta traz aos produtores. Lembrando que a produção da Indonésia deve recuperar em breve, a da Colômbia já recuperou para os níveis de produção de 12 milhões de sacas, e o Vietnã também é promissor com a renovação constante do parque.
Estas produções maiores não devem todas ocorrer no próximo ciclo, motivo pelo qual a safra 15/16 do Brasil é tão importante para desenharmos o quadro mundial de oferta e procura apertado que temos até o resultado da florada brasileira, em setembro e outubro próximo.
No mercado físico os diferenciais no curto prazo encareceram, tanto para o arábica quanto para o robusta, e as atividades nas origens diminuíram. Para os embarques mais longos as ofertas são mais baratas, pois ajuda os intermediários a proverem liquidez aos produtores regionais.
Um torrador grande americano aumentou o preço de duas de suas principais marcas de torrado e moído, o que deve desencadear ajuste de outros participantes. A demanda americana tem se mantido forte, com as importações nos últimos 12 meses totalizando 24.228 milhões de sacas, 5% a mais do que nos 12 meses anteriores.
Tecnicamente o contrato “C” está em um canal de baixa, que para ficar positivo precisa romper e se manter acima do nível de 172.90 centavos por libra. Um fechamento acima da média-móvel de 100 dias à 175.92, pode animar novos compradores. Para baixo o 167.35 é o ponto de suporte, que se rompido pode levar Nova Iorque testar os 160.00 centavos. Londres define novas posições e coberturas abaixo US$ 1883 por tonelada e acima de US$ 1987 por tonelada.
Boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
O Banco Central Europeu cortou a taxa de juros para o overnight, a que os bancos comerciais recebem ao depositarem suas reservas com a instituição, de 0% para -0.10%. Os juros interbancários continuam positivos, saíram de 0.25% para 0.15% (tudo ao ano, claro). A entidade também lançou algumas medidas para tentar estimular empréstimos, mas não anunciou nenhuma compra de títulos privados, como se esperava.
O Euro reagiu positivamente depois de momentaneamente enfraquecer. O mercado não acredita que a estratégia do BCE vai ser efetiva para evitar deflação e estimular crescimento, e como órgão tem um histórico de falar mais do que agir, e de agir muito lentamente quando o faz, a pressão deve crescer para medidas mais agressivas nas próximas reuniões.
Foto: Luciana Santos/ Café Editora
Nos Estados Unidos o desemprego não aumentou, e o total de pessoas empregadas conseguiu ultrapassar o pico anterior (138.4 milhões em janeiro de 2008), atingindo agora 138.5 milhões de pessoas.
As bolsas de ações ao redor do mundo subiram nos últimos cinco dias, e os índices de commodities cederam influenciados pelas quedas do café, açúcar, grãos, cobre, e níquel.
O arábica na ICE rompeu rapidamente a mínima que tínhamos visto em 24 de março, recuperando na sexta-feira acima de 170.00 centavos depois que o CNC disse que a safra 14/15 será entre 40.1 e 43.3 milhões de sacas. O dado, um dos três ou quatro divulgados por órgãos oficiais brasileiros (vai entender), ajudou as cotações. Isto tudo depois que o ministro da Agricultura declarou no começo da semana que espera que a CONAB revise os números da safra 14/15 para cima, e que o Brasil terá uma supersafra no ciclo de 15/16 dado os bons tratos culturais.
Por que não organizar dentro de um único corpo técnico e uma única entidade as estatísticas brasileiras, para que se ganhe mais credibilidade local e internacionalmente, e para ajudar os produtores ao invés de confundi-los?
O USDA soltou outro relatório individual das origens, apontando a produção de Honduras para 14/15 em 4.98 milhões de sacas, 383 mil sacas a mais do que o ano passado, apesar de 25% da área cultivada ter sido afetada com ferrugem. O impacto, segundo o estudo, foi amenizado pelo crescimento da área plantada, renovação das árvores por variedades resistentes à doença, e apoio às práticas mais eficientes pelo IHCAFE. O potencial de produção do país caminha para mais de 7 milhões de sacas, e a produtividade é uma das melhores da América Central, 17 sacas por hectare.
Há potencial de crescimento também na África, como em Uganda, Etiópia e Costa do Marfim, embora os entraves sejam a falta de organização política, legislações complicadas e, por consequência baixo nível de financiamento. A Costa do Marfim diz que quer aumentar sua produção de 1.7 milhões de sacas para 5 milhões de sacas, tarefa não tão simples, mas que pode ser ajudada pela remuneração que o robusta traz aos produtores. Lembrando que a produção da Indonésia deve recuperar em breve, a da Colômbia já recuperou para os níveis de produção de 12 milhões de sacas, e o Vietnã também é promissor com a renovação constante do parque.
Estas produções maiores não devem todas ocorrer no próximo ciclo, motivo pelo qual a safra 15/16 do Brasil é tão importante para desenharmos o quadro mundial de oferta e procura apertado que temos até o resultado da florada brasileira, em setembro e outubro próximo.
No mercado físico os diferenciais no curto prazo encareceram, tanto para o arábica quanto para o robusta, e as atividades nas origens diminuíram. Para os embarques mais longos as ofertas são mais baratas, pois ajuda os intermediários a proverem liquidez aos produtores regionais.
Um torrador grande americano aumentou o preço de duas de suas principais marcas de torrado e moído, o que deve desencadear ajuste de outros participantes. A demanda americana tem se mantido forte, com as importações nos últimos 12 meses totalizando 24.228 milhões de sacas, 5% a mais do que nos 12 meses anteriores.
Tecnicamente o contrato “C” está em um canal de baixa, que para ficar positivo precisa romper e se manter acima do nível de 172.90 centavos por libra. Um fechamento acima da média-móvel de 100 dias à 175.92, pode animar novos compradores. Para baixo o 167.35 é o ponto de suporte, que se rompido pode levar Nova Iorque testar os 160.00 centavos. Londres define novas posições e coberturas abaixo US$ 1883 por tonelada e acima de US$ 1987 por tonelada.
Boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
Saiba mais sobre o autor desse conteúdo
Rodrigo Correa da Costa Nova Iorque - Nova Iorque - Estados Unidos
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