quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Sistema Safra Zero do cafeeiro


Por NECAF (MyPoint Pro)
postado há 1 dia atrás

Por Estevam Antonio Chagas Reis e Marina Chagas Reis, da Universidade Federal de Lavras

Na atual conjuntura da cafeicultura brasileira, o produtor tem procurado alternativas para suprir a crescente falta de mão-de-obra e atenuar os impactos negativos causados pelo elevado custo de colheita. Com este intuito, busca-se novas técnicas que visam aprimorar os meios de cultivo e diminuir o custo de produção por unidade de área.

Diante deste cenário, tem-se realizado o manejo do cafeeiro através de podas programadas com o objetivo de obter produções elevadas. Sendo o esqueletamento o tipo de poda mais utilizado, muitos produtores estão aderindo ao chamado sistema chama Safra Zero.

O sistema Safra Zero consiste na poda cíclica do cafeeiro, realizando-a com esqueletamento seguido de decote no ano de produção. Esta prática caracteriza-se pela poda dos ramos plagiotrópicos da planta, com distancia de 20 a 30cm do ramo ortotrópico na parte superior e terminando na parte inferior com distancia de corte de 30 a 50cm. Quando o corte dos ramos plagiotrópicos é realizado em comprimentos maiores, dá-se o nome de desponte. O ideal é que após a realização da poda a planta apresente uma conformação cônica.

O decote se caracteriza pela poda do ramo ortotrópico em alturas de 1,2 a 2,5m. A altura de corte tem relação direta com o estande de plantas por hectare. A recomendação para lavouras de menor espaçamento entre plantas se baseia no corte em alturas menores, de forma que possibilite a entrada de luz no interior das plantas e entre as linhas, induzindo a quebra de dormência de gemas. A poda só pode ser realizada em lavouras aptas a esse sistema, pois assim atuará como uma ferramenta para o incremento de produtividade.

Esse sistema visa a produtividade elevada do cafeeiro empregando-se a poda em um ano, sendo o ano posterior apenas para desenvolvimento vegetativo. Desta forma, há ocorrência do crescimento de ramos novos para futura produção (esse ciclo se repete a cada 2 anos).

Para a implantação do sistema, deve-se “liberar” o cafeeiro o mais cedo possível, preferencialmente a partir de junho, visto que o crescimento vegetativo é influenciado pela época de poda e pode comprometer a sua produção futura, como podemos verificar na imagem abaixo.

Fonte: Fundação Procafé

Podemos verificar a produtividade em função da época de poda de acordo com a tabela 1.

Tabela 1 - Produtividade média das cultivares Mundo Novo e Catuaí submetidas a poda de esquelamento em diferentes épocas do ano.

Meses em que foram esqueletadasMundo NovoCatuaí
Julho 91 a65 a
Agosto87a51 b
Setembro62 b41 b
Outubro33 c25 c
Novembro22 c21 c
Dezembro16 c14 c


Caso o produtor realize a colheita mecânica, não haverá necessidade de desbrotas no terço superior da planta, reduzindo os custos da área.

Em relação à adubação, não se deve restringir os tratos culturais mesmo com o depósito de resíduos advindos da poda. Devido à alta relação C/N dos restos culturais é necessário a adubação nitrogenada para equilibrar o sistema. A adubação potássica geralmente é dispensada em decorrência da elevada quantidade presente no material vegetal que é totalmente liberado (seu índice de conversão é 100%). A necessidade será no ano de produção de acordo com análise de solo e a carga pendente. Os restos vegetais também são ricos em macro e micronutrientes como podemos verificar na tabela 2.


Tabela 2 - Quantidade de macro e micronutrientes nas partes podadas do cafezal Mundo Novo, 9 anos, 3,5 x 1,5m. Alfenas 1986.


 Nutrientes Esqueletamento + decote a 1,5m
 N kg/ha 261
 P2O5 kg/ha 16
 K2O kg/ha 273
 CaO kg/ha 101
 MgO kg/ha 26
 S kg/ha 10
 B g/ha 268
 Cu g/ha 191
 Zn g/ha 121

Fonte: Garcia, Malavolta, Gonçalves e outros.

O controle fitossanitário deve ser realizado principalmente para doenças como phoma, ferrugem e mancha aureolada, pois as altas doses aplicadas de nitrogênio acarretam em maior infestação dessas doenças. A phoma é a primeira doença a se manifestar quando não realizado o controle adequado da mesma, sendo necessário o monitoramento dos primeiros sinais da doença no ano de produção. A ferrugem também é outra doença que pode ocorrer em cafeeiros podados, pois são mais susceptíveis e apresentam uma curva de progressão mais agressiva quando comparada a cafeeiros não podados. Controles fitossanitários de pragas de solo também devem ser realizados quando necessários, buscando um maior desenvolvimento do sistema radicular e consequentemente do cafeeiro.
Quando se realiza o Safra Zero, uma das questões mais relevantes gira em torno do custo por saca de café beneficiado, o que torna esse sistema viável e de crescente utilização por parte dos cafeicultores. Podemos verificar essa situação de acordo com a tabela 3
Tabela 3 - Diferença do custo/saca/ano de lavoura sistema Safra Zero em relação à lavoura convencional.



 Produtividade
sacas/ha
 Safra ZeroColheita manual convencional Diferença ha/ano  Diferença ha/ano
 30 R$ 270,00 R$ 334,00 Por saca/ R$ 36,00 Por ha/ R$ 1050,00
 40 R$ 240,00 R$ 296,00 R$ 56,00 R$ 2240,00


Fonte: Fundação Procafé – Outubro/2012
 

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