06/03/2015 18:00
Políticas sociais proporcionaram mais oportunidades de renda, de inclusão
produtiva e de acesso a serviços para as mulheres
Brasília, 6 – A vida da cearense Angeline Freire de Souza começou a mudar quando ela se
tornou beneficiária do Bolsa Família, dez anos atrás. Ela atribui ao programa a chance
de superar uma situação de violência doméstica, a oportunidade de criar os filhos, trabalhar,
voltar aos estudos e pensar no futuro. Entrar para o programa significou, para ela, passar de
condição de vítima à de guerreira: “Eu não quero ser chamada de coitadinha, a pobrezinha ou
me sujeitar a qualquer tipo de violência. Quero ser vista como uma pessoa que conseguiu
superar tudo, que é guerreira, que vai atrás, que é determinada”, afirma.
A história de Angeline não é um caso isolado. Das 22 milhões de pessoas que superaram
a pobreza extrema nos últimos quatro anos, 12 milhões são do sexo feminino. Mães com
crianças pequenas representavam a face mais dramática da pobreza no país. As mulheres
puderam contar com a complementação de renda do Bolsa Família e, sobretudo, com
melhores condições de saúde e educação para seus filhos, além de oportunidades de
inclusão produtiva.
Aos 38 anos, Angeline entrou recentemente para a Universidade Federal do Ceará e
acredita que, em breve, poderá deixar a condição de beneficiária do programa de
transferência de renda, da qual se orgulha. “Quando comecei a receber o benefício,
pensei que não precisaria mais travar uma luta pelo dinheiro dele [o ex-companheiro]
para ajudar meus filhos”, conta. “Assim que acaba o dinheiro, tenho o benefício para
me ajudar. Esse complemento veio suprir uma necessidade, principalmente de
alimentação”, completa.
Mãe de quatro filhos, Angeline trabalha no Banco Comunitário Palmas, na periferia
de Fortaleza (CE). Ela está no terceiro semestre do curso de Pedagogia e faz planos
para o futuro. “Quero trabalhar com escolas que fazem parte da minha realidade.
Quero ajudar essas crianças e melhorar a educação delas. Tenho a certeza de que vou
ensinar na periferia.”
Em 93% das 14 milhões de famílias que recebem a transferência de renda, as mulheres
são as responsáveis pela retirada do dinheiro. Dessas, 68% são mulheres negras.
As mulheres são nossas parceiras no Bolsa Família. Elas tiveram mais autonomia
econômica para gerir os recursos da casa e pensam em primeiro lugar no bem-estar
dos filhos”, destaca a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
A história de Xica da Silva: "Nós, mulheres, podemosfazer muito mais"O Dia Internacional da Mulher, comemorado neste domingo (8), reforça a importância
da articulação de políticas públicas para que as mulheres conquistem mais qualificação
profissional e espaço no mundo do trabalho, seja por meio do trabalho assalariado,
autônomo ou associado. Hoje, elas representam 67% das mais de 1,7 milhão de
vagas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec),
na modalidade voltada à população mais pobre. Com a qualificação, as mulheres
ocupam postos que, anteriormente, eram exclusivamente masculinos, como a construção civil.
Depois de incluídas profissionalmente, elas também empreendem e geram oportunidades.
Foi assim que Francisca Maria da Silva, 50 anos, enfrentou as marcas da violência
doméstica, sofrida por 10 anos. A superação começou em 2001, após a nona denúncia
contra o ex-companheiro. Com as marcas das agressões no corpo, Francisca
conseguiu ajuda na Coordenadoria do Direito da Mulher de Belo Horizonte (MG).
Lá, ela foi encaminhada para um abrigo e teve apoio psicológico e jurídico.
Em 2003, Francisca conheceu outras cinco mulheres com histórias semelhantes e
teve acesso a informações sobre economia solidária. A partir daí, elas formaram
o grupo Trem Bom para produzir pães, doces e bolos. “Entramos nesse negócio
para ter renda e ocupação”, lembra a ex-beneficiária do Bolsa Família. “O benefício
foi fundamental para eu ter uma retomada, para pegar minha vida de volta pela mão”,
ressalta Francisca.
Como o negócio estava dando certo, elas montaram o buffet Amigos de Xica, registrado
em 2007 quando Francisca da Silva também deixou o Bolsa Família. Batalhadora, Xica,
como gosta de ser chamada, ainda administra a Rede de Alimentação Sabor Mineiro Uai –
com oito empreendimentos exclusivos de mulheres com histórias parecidas. Sobre a renda
atual, ela diz, sorrindo: “Dá para suprir as necessidades, só não está dando ainda para ir
às Bahamas ou Las Vegas”.
“Consegui sair da violência, cuidei das minhas três filhas. Elas concluíram o ensino médio
e já fizeram curso técnico”, conta. “Minha vida pessoal mudou muito, minha autoestima
também, me sinto empoderada. Eu não olhava no espelho, pois sempre tinha o olhar
para baixo. Agora me arrumo toda. É uma valorização pessoal, além da renda”, completa.
Hoje, ela também dá palestras sobre o seu exemplo de superação de vida após a violência.
“Depois do projeto de economia solidária, consegui tirar todo o rancor e a tristeza que
tinha. Digo sempre que nós, mulheres, podemos fazer muito mais.” Em todo o país,
mais de 11 mil projetos semelhantes ao de Xica da Silva beneficiam 241 mil pessoas.
Não é só na economia solidária que as mulheres estão conquistando espaço.
Nas operações de crédito do Programa Crescer, que oferece microcrédito produtivo
orientado a taxas reduzidas, 73% das operações de crédito do Cadastro Único para
Programas Sociais do Governo Federal foram feitas por mulheres. Entre os
microempreendedores individuais que fazem parte do Cadastro Único, as
mulheres são responsáveis por mais da metade das formalizações.
Leia também: A história de Iranilda Catarina: "As mulheres não são tão frágeis assim como o povo pensa" Informações sobre os programas do MDS: 0800-707-2003 mdspravoce.mds.gov.br Informações para a imprensa: Ascom/MDS (61) 2030-1021 www.mds.gov.br/saladeimprensa |
segunda-feira, 9 de março de 2015
Cerca de 12 milhões de mulheres superaram extrema pobreza
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