quarta-feira, 8 de abril de 2015
EDUCAÇÃO BÁSICA Programa de alfabetização muda realidade em cidades paraenses
A importância do Pnaic no Pará levou à transformação de antiga escola municipal de Cametá em centro de formação continuada para os professores da rede pública (foto: divulgação)Belém, 7/4/2015 — O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) garantiu benefícios que vão além da alfabetização e do letramento dos alunos até os oito anos de idade. Esta é a conclusão de secretários municipais de educação que estiveram reunidos na segunda-feira, 6, e nesta terça, 7, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, para participar do 2º Seminário de Integração de Saberes em Linguagem e Matemática. Durante dois dias, os 750 participantes do encontro discutiram as ações do programa em 2014 e os desafios para 2015.
“O pacto mudou tanto a nossa mentalidade que chegamos a transformar uma antiga escola municipal em um centro de formação continuada para todos os professores da rede pública”, conta Gilmar Pereira da Silva, secretário de educação de Cametá, município do nordeste paraense, a 200 quilômetros de Belém. Com população estimada em 129 mil habitantes e economia baseada na pesca e na agricultura familiar, Cametá tem 37 mil alunos no ensino fundamental, dez mil deles em turmas do primeiro ao terceiro ano.
Com uma rede pulverizada, já que 80% das 240 escolas ficam em ilhas ou ao longo das estradas, o município tem 500 barcos no transporte escolar para garantir o acesso à educação. “Apesar dessas distâncias, todos os professores têm uma mesma preocupação: o acesso a uma formação continuada, a fim de melhorar o próprio desempenho para que os estudantes saiam da escola sabendo ler e escrever corretamente”, diz Silva. “O sucesso da formação dos professores alfabetizadores é tal que os docentes dos outros anos nos pressionaram para também receber formação continuada; daí termos criado a escola de formação de professores, que vai atender a todos.”
Compromisso — Também em Senador José Porfírio, a 1,5 mil quilômetros de Belém — exige viagem de 12 quilômetros por rio e outros 48 em estrada para chegar a Altamira, no oeste paraense —, o Pnaic alterou o comportamento dos professores. Assim como Cametá, as bases da economia são a pesca e a agricultura familiar. O município tem cerca de 14 mil habitantes e 4.522 alunos no ensino fundamental, dos quais 1.235 em turmas do primeiro ao terceiro ano.
Segundo a secretária municipal de educação, Márcia Cabral de Vasconcelos, antes da formação oferecida pelo pacto, os professores não se preocupavam em fazer avaliação mensal ou elaborar fichas de acompanhamento dos alunos. “Agora, eles estão realmente comprometidos com a missão de ensinar a criança a ser alfabetizada em português e em matemática”, afirma. “E estão com o foco na aprendizagem, ou seja, que ela passe de ano tendo adquirido as habilidades próprias à idade, e não mais que ela passe de ano por passar.”
Já em Ipixuna do Pará, distante 230 quilômetros de Belém, o Pnaic provocou “uma verdadeira revolução, visível, principalmente, nas escolas do campo”, segundo o professor de matemática Marcos Antonio Reis Oliveira, secretário municipal de educação. O município tem aproximadamente 56 mil habitantes, que vivem da agricultura familiar em domínios e assentamentos ao largo da bacia do Rio Capim, no nordeste do estado. Dos 13,5 mil estudantes matriculados na rede municipal de educação, 1.253 estão nos três primeiros anos.
Com um índice de 49% de analfabetos no município, Ipixuna do Pará tem no pacto não apenas um programa, mas a solução para o sistema educacional, já que sua metodologia foi adaptada a todo o ensino fundamental e à educação de jovens e adultos. A estratégia foi tão bem-sucedida que, em 2014, numa turma de 25 alunos de primeiro ano, 18 já estavam alfabetizados no fim do ano letivo.
“O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa mexeu na realidade dos alunos e dos professores”, afirma o secretário. “Ele ensinou os docentes a trabalhar com atividades diferenciadas, a ter uma nova maneira de ensinar, e os alunos passaram a ter aulas agradáveis e estimulantes, o que diminuiu os índices de evasão.”
Segundo Oliveira, uma professora orgulha-se em dizer que se transformou em uma profissional completamente diferente depois da formação do programa. “Ela chegou a sair da escola com os alunos para fazer compras no supermercado e, de volta, continuou a aula de matemática na cozinha, fazendo a receita de um bolo com eles, ao mesmo tempo em que ensinava fração e outras operações.”
Assessoria de Comunicação Social
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