Em participação no programa "Roda Viva", da TV Cultura, na última segunda-feira (4/5), o jornalista Ricardo Setti, falou sobre a decisão de abandonar sua coluna no site da revista Veja e a crise da imprensa brasileira que, para ele, é um reflexo direto das novas tecnologias.
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De mudança para a Espanha, Ricardo Setti diz que perdeu otimismo com o Brasil
“Há uma crise nos grandes veículos. Nossos jornais não estão fazendo o que deveriam. Os melhores [profissionais] também estão sendo mandados embora. Não se investe em qualidade editorial”, opinou. Setti avalia que divulgar conteúdos nas redes não é jornalismo. “Ser jornalista implica analisar os fatos e ambos os lados. Hoje os repórteres não saem da redação e isto está errado”, acrescentou.
Com mais de 50 anos de carreira, o articulista reforça que os leitores do impresso não buscam apenas o simples relato dos acontecimentos, mas uma análise aprofundada dos fatos. Setti irá para Barcelona (Espanha) e destacou que perdeu as esperanças com o país. “Estou cansado. Depois de uma vida inteira de otimismo, pela primeira vez, eu não estou acreditando no Brasil”, declarou o jornalista, que planeja lançar um site próprio para escrever quando achar necessário.
Ele também criticou o acirramento do debate ideológico na internet. “O Brasil virou um fla-flu, um ódio absurdo nas redes sociais. Em países avançados, ser de direita ou de esquerda significa ser contra ou a favor da presença do Estado na vida das pessoas.”
O jornalista já passou pelas redações dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Jornal da Tarde, além das revistas Visão, IstoÉ, Playboy e Veja. Recebeu o Prêmio Esso de Reportagem de 1986 por matéria sobre os bastidores da montagem do Plano Cruzado.
Participaram da bancada de entrevistadores Humberto Werneck, jornalista, escritor e cronista do jornalO Estado de S. Paulo; Wanda Nestlehner, jornalista; Wilson Moherdaui, jornalista e empresário; Carlos Brickmann, jornalista; e Ricardo Kotscho, jornalista e comentarista da Record News.
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