11/06/2015 09:13
Dionísia Nagahama, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apresentou
iniciativa desenvolvida em instituição filantrópica de Manaus
Belém, 11 – Mudar os hábitos alimentares das crianças atendidas em uma instituição
filantrópica, localizada no centro de Manaus, tem sido um dos desafios da pesquisadora
e nutricionista Dionísia Nagahama, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
É lá que ela experimenta, há mais de três anos, receitas com ingredientes regionais, mas
que, muitas vezes, não fazem parte da rotina alimentar das famílias amazonenses. Esse
é o caso de hortaliças e frutas não convencionais, como cariru, feijão macuco, bertalha e cubiu.
“A alimentação infantil é a base do nosso trabalho. Ensinamos para as crianças e para os
pais que a comida pode ser variada, com alimentos regionais e saudáveis. Muitos frutos
amazônicos substituem em valores nutricionais frutas como a maçã, que não é originária
da região”, afirma. A pesquisadora conta que, com o projeto, a instituição conseguiu
recursos para a reativação da horta para o cultivo das hortaliças, utilizadas na merenda.
A regionalização da merenda escolar, explica a pesquisadora, não é novidade no
Amazonas, que desde 2003 já desenvolve ações em parceria com várias instituições
para promover a alimentação saudável com ingredientes da região. Dionísia
apresentou sua experiência no 1º Encontro Soberania e Segurança Alimentar
e Nutricional na Amazônia, em Belém.
Outros participantes também tiveram a chance de refletir e discutir as estratégias
para a promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional, como o Guia
Alimentar para a População Brasileira, o livro Alimentos Regionais Brasileiros e o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além das ações de inclusão
produtiva rural e valorização da sociobiodiversidade. Divididos em grupos de
trabalho, eles dialogaram sobre "Como os programas, ações e políticas têm
ajudado a transformar a vida dos povos da Amazônia?” e “O que pode ser
transformado e inovado para tornar essas ações mais efetivas?”.
Destaque nas discussões, o Guia Alimentar para a População Brasileira é um
marco de referência tanto para as famílias como para governos e profissionais
de saúde. O documento passou por um amplo processo de consulta pública, e
aborda os princípios e as recomendações para uma alimentação adequada e
saudável. Segundo Maria Fernanda Moratori, da coordenação-geral de
Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, que participou de um dos
grupos de trabalho, o desafio ainda é promover essa alimentação, principalmente
nas escolas. “A ideia é que os professores possam trabalhar o tema de forma
interdisciplinar desde o ensino fundamental”, explicou.
No debate, um dos exemplos citados foi o projeto “Educando com a Horta Escolar
e a Gastronomia”, parceria entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e o Centro de Excelência em Turismo da Universidade de
Brasília (CET/UnB). A iniciativa é voltada para nutricionistas, coordenadores
pedagógicos, técnicos para meio ambiente e horta, coordenadores de alimentação
escolar e representantes do Conselho de Alimentação Escolar. Assim, são
formados multiplicadores nos estados e nos municípios para que a horta e a
gastronomia sejam utilizadas como eixos geradores da prática pedagógica,
além de promover hábitos alimentares saudáveis e valorizar receitas regionais e
técnicas de preparo de alimentos.
Agenda – O 1º Encontro Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional na
Amazônia é promovido pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (Consea), com o apoio da Câmara Interministerial de Segurança
Alimentar e Nutricional (Caisan), coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS).
O evento termina nesta quinta-feira (11), com o debate e a apresentação da
Carta Amazônica. O encontro temático é o primeiro de uma série preparatória
para a 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Com o
tema “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania
alimentar”, a conferência nacional será promovida em Brasília, entre os dias
3 e 6 de novembro.
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quinta-feira, 11 de junho de 2015
Pesquisadora mostra que é possível regionalizar merenda e mudar hábitos alimentares das crianças
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