domingo, 28 de abril de 2013

Governo vai reajustar o valor da saca de café



Folha de Londrina 

 

Responsável por 35% da produção mundial, Brasil tem preços defasados, que não cobrem os custos de cultivo 
 
Ricardo Chicarelli / 03-08-2012

Colheita da safra 2013/14 de café começa em maio

Brasília - Depois de cortar os impostos federais para baixar o preço da cesta básica e ajudar no controle da inflação, o governo deve aplicar um forte reajuste no preço mínimo do café. Responsável por 35% da produção mundial, com cerca de 48 milhões de sacas de café por ano, o Brasil está com preços "muito defasados", que não são mais capazes de cobrir os custos de produção, entendem os técnicos do governo Dilma Rousseff.
Com o objetivo de estimular um dos setores mais tradicionais da economia, o governo pode anunciar os novos preços mínimos, após a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que também deve aprovar novas condições de financiamento para o setor, cuja colheita da safra 2013/14 começa no mês que vem. Em estudo estão reajustes de dois dígitos tanto para o café do tipo arábica, que representa quase 70% da produção total, quanto para o tipo robusta. Os preços atuais estão congelados desde 2009.
O grão arábica, por exemplo, é negociado em torno de R$ 300 a saca nomercado, mas o preço mínimo está em R$ 261,69/saca. Com o reajuste preparado pelo governo, a saca passará a custar, no mínimo, entre R$ 320 e R$ 340. O robusta deve ter preço mínimo elevado para R$ 180, dos atuais R$ 156,57.
Referência
Os preços mínimos balizam as compras públicas, feitas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e, com isso, também a negociação no mercado entre os cafezais e os compradores.
O jornal O Estado de S.Paulo apurou que a presidente deu sinal verde para a elevação do preço mínimo, mas o valor final ainda não havia sido fechado. No Palácio do Planalto, a visão é que um reajuste forte neste ano evitaria o início de uma crise no setor, afetado pelos preços baixos.
As consequências dos reajustes, no entanto, devem ser amargas para o consumidor. Ao forçar um aumento da saca do café, a medida de estímulo do governo deve pressionar o preço do cafezinho. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café ao consumidor acumula alta de 11,4% nos últimos 12 meses. Somente o cafezinho representou cerca de 0,07% do IPCA, termômetro oficial de inflação no País.
Crédito
Além do forte reajuste para a saca de café, outras medidas estão em estudo no governo federal. Os técnicos vão bater o martelo sobre o montante de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para o financiamento do custeio, colheita e comercialização do grão, inclusive estocagem.
Os valores programados no Funcafé, que na safra atual somam R$ 2,7 bilhões, devem aumentar para R$ 3,1 bilhões no ano agrícola que começa em julho e termina em junho de 2014. Até dezembro do ano passado, o governo havia liberado R$ 2 bilhões dos R$ 2,7 bilhões programados até junho deste ano.
Outra mudança em análise no governo diz respeito à linha de Financiamento para Aquisição de Café (FAC), destinada à compra de matéria-prima pelas cooperativas, torrefadoras e exportadores de café.
Atualmente, a FAC só financia a compra de café por valores acima do preço mínimo de garantia. A ideia do governo federal é retirar a restrição na compra, mas exigir que o produto seja vendido somente acima do preço mínimo. 

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