No Brasil, a palmeira
pupunha tem a região amazônica como seu habitat natural. Os frutos dessa
palmeira, assim como o palmito, fazem parte da dieta alimentar dos povos da
região Norte. Como atualmente o Brasil vem perdendo espaço nas exportações de
palmito devido à extinção da extração do palmito juçara, a palmeira pupunha
torna-se uma nova alternativa para substituir o palmito ilegal.
“Para o pequeno
produtor é uma forma de aumentar seus ganhos devido a grande demanda de mercado
interno e externo”, afirma Clovis Bissi Junior, autor de pesquisa que verificou
desenvolvimento da pupunheira sob diferentes formas de adubação. O estudo foi
desenvolvido no programa de Pós-graduação em Irrigação e Drenagem, da Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). “Devido à devastação das
matas, o atual panorama deficitário de extração de palmito foi o que motivou a
busca por novas formas de cultivo”, continua o pesquisador. Foi então que,
segundo Clovis, escolheu-se a pupunheira como alternativa de cultivo
para suprir a demanda de mercado, pelo fato de apresentar precocidade de
colheita, rusticidade, perfilhamento, alta produtividade e boa qualidade de
palmito, que são características que melhor se destacam entre as palmeiras
tradicionais, sendo o perfilhamento a principal característica que falta ao
palmito juçara.
Portanto, a
pupunheira desponta de forma promissora para o meio agrícola, uma vez que, em
termos de produção, pode ser cultivada racionalmente em áreas sob mecanização
agrícola e, dessa forma, viabilizar a produção de palmito de forma ecológica e
rentável. “No entanto, ainda são necessários estudos mais aprofundados para o
desenvolvimento de clones e melhoramento genético da espécie para que possamos
ter uma produção mais uniforme”, comenta o agrônomo.
Orientado por Jarbas
Honório de Miranda, professor do Departamento de Engeharia de Biossistemas
(LEB), o experimento conduzido por Clovis verificou os níveis de
desenvolvimento vegetativo da pupunheira, durante 1 ano, sob diferentes fontes
de adubação; orgânica com esterco bovino e suíno, além da via mineral. O
projeto, finaciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), mapeou o tratamento que obteve melhor resposta em relação ao
desenvolvimento vegetativo da pupunheira em termos de crescimento da planta em
altura, diâmetro do caule, tamanho da folha (comprimento da raqui), espessura
da raqui e maior número de folhas.
“Quanto à aplicação
da matéria orgânica no momento da implantação da cultura, pode-se dizer que sua
importância está relacionada ao favorecimento no desenvolvimento radicular da
pupunheira”, comenta o pesquisador. Na prática, os fertilizantes orgânicos
estimularam a produção da radículas, que são as maiores responsáveis para
absorção de nutrientes. Além disso, favoreceu o desenvolvimento das radículas,
melhorou a estrutura física do solo e otimizou a proliferação de
microorganismos benéficos. “Melhorando a estrutura do solo, ocorreu melhor
movimentação do ar, água e nutrientes do solo e troca catiônica”, aponta.
Como conclusão, a
reutilização do esterco proporcionou melhor desenvolvimento da pupunheira,
sendo que o composto qualificado como esterco suíno obteve melhores resultados.
“Podemos destacar que o cultivo da pupunheira apresenta certo grau de
dificuldade pelo fato de não apresentar um clone de plantas que apresente um
crescimento ideal e uniforme para cada região e, além disso, a implantação da
cultura em regiões secas requer irrigação plena. No entanto, a pesquisa poderá
trazer benefícios para o setor minimizando custos na produção e na reutilização
de compostos que seriam despejados no ambiente, em rios e afluentes”, conclui.
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