Com o mesmo líder há 22 anos, país atrai europeus, chineses e russos
FABIANO MAISONNAVE
FABIANO MAISONNAVE
Situada entre Ocidente e Oriente, a nação é rica em petróleo e se destaca entre as ex-repúblicas da União Soviética
No enorme quadro que adorna o centro de convenções de Astana, o presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, desfila sobre um tapete vermelho e, enquanto caminha, é aclamado por vários líderes mundiais.
A lista inclui Tony Blair, George W. Bush, Vladimir Putin, Silvio Berlusconi, Hu Jintao, Jacques Chirac e até Boris Ieltsin.
A cena nunca aconteceu, mas revela a ambição do líder do Cazaquistão, o maior e mais próspero país da Ásia Central: tornar sua nação o principal entroncamento terrestre entre o Ocidente e o Oriente.
Esse objetivo, porém, é perseguido sem melindrar Moscou, que controlou a região por mais de dois séculos, até a desintegração da União Soviética.
O quadro testemunha ainda a longevidade de Nazarbayev. Ele conviveu com todos os retratados. Tornou-se presidente na mesma época em que Ieltsin estava ascendendo na Rússia.
Nazarbayev é o único mandatário cazaque desde a independência, ocorrida em 1991, graças a mudanças casuísticas nas regras eleitorais, à perseguição aos opositores e ao bom desempenho econômico.
O país é o destaque positivo entre as cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central. Diplomatas e analistas residentes em Astana ouvidos pela Folha, a maioria sob anonimato, elogiaram a habilidade de Nazarbayev em conduzir um país que nunca havia existido.
Por outro lado, o Cazaquistão não consegue diversificar sua economia: 90% das exportações são recursos naturais, dos quais 70%, petróleo e derivados.
Para o economista Rakhim Oshakbayev, vice-presidente da Câmara Nacional Econômica do Cazaquistão, o país está lutando contra a "doença holandesa", quando a vantagem comparativa para exportar recursos naturais mina outras atividades econômicas, principalmente a manufatura.
Outro desafio é a sucessão do onipresente Nazarbayev. Sua idade avançada, 72 anos, tem incentivado uma série de especulações sobre quem será o segundo presidente da história cazaque.
"Nazarbayev agora está com muita energia, e realmente achamos que ele será reeleito em 2016", disse Oshakbayev. "Depois, o sucessor será escolhido por ele, e a sua decisão terá total apoio da população."
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