Entidades de esquerda vão às ruas questionar o "diálogo" de Dilma Rousseff
Nesta quarta-feira (03), diversos movimentos sociais e partidos de esquerda manifestaram-se em favor dos "5 Pactos Pelo Povo", que se contrapõem aos pactos propostos pelo governo federal. As centrais sindicais que convocaram o ato prometem um dia nacional de paralisações para a próxima quinta-feira (11).
Roberto Brilhante
Nesta quarta-feira (03) ocorreu o ato “Da Copa eu abro mão: Quero dinheiro para Moradia, Saúde, Educação e Transporte de Qualidade!” organizado por diversos movimentos sociais e partidos de esquerda. A manifestação percorreu toda a Avenida Paulista e parou em frente à Secretaria da Presidência da República.
A adesão daqueles que circulavam pela Paulista durante a manifestação foi baixa, diferentemente dos atos contra o aumento das tarifas em São Paulo. Cerca de mil pessoas estavam presentes.
A intenção da manifestação era apresentar os seguintes “5 pactos pelo povo” (que ironizam os “5 pactos pelo Brasil” apresentados pelo governo federal): 1) Pacto pelo transporte: tarifa zero e estatização do transporte. 2) Pacto pelo trabalho: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e anulação da reforma previdenciária. 3) Pacto pela moradia: controle estatal sobre o valor dos aluguéis e medidas que protejam a população dos despejos e remoções. 4) Pacto pela educação: destinação de 10% do PIB à educação. 5) Pacto pela saúde: fim das privatizações via Organizações Sociais de Saúde.
Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto (MTST) nos falou sobre o “diálogo” com a presidenta Dilma Rousseff, noticiado pelo governo federal e pela imprensa: "a proposta de diálogo da presidenta Dilma foi na verdade um 'monólogo'. Nós fomos à Brasília apresentar nossas reivindicações, mas o que vimos foi a presidenta falar sobre as propostas do governo federal sem em nenhum momento incorporar as demandas dos movimentos sociais", afirmou.
Segundo Boulos, nenhuma das 5 propostas apresentadas pelo MTST foi contemplada nos discursos de Dilma Rousseff. São elas o combate a especulação imobiliária com o congelamento do valor dos aluguéis; elaboração de uma comissão federal de prevenção de despejos forçados; reformulação do programa “Minha casa, minha vida”, melhorando a qualidade dos apartamentos; constituição de uma política nacional de desapropriação de terras e destinação de terras da União para a construção de moradias populares; elaboração de um programa federal de auxílio aluguel.
O Movimento Passe Livre (MPL), que conquistou notoriedade nacional após ter tido convocado muitas das manifestações que resultaram na redução da tarifa dos transportes públicos em várias cidades do país, também estava presente. Caio Martins, militante do movimento e estudante de História da Universidade de São Paulo, nos contou sobre as propostas e a reunião com a presidenta. "O Movimento Passe Livre levou à presidenta Dilma a pauta da tarifa zero, mas encontrou alguém sem nenhuma disposição a debater a questão da gratuidade dos transportes públicos, a ponto da presidenta ter nos declarado o absurdo de que 'ou paga o usuário, ou paga o contribuinte'. Isso é óbvio, nós não somos bobos".
A proposta do MPL é que os transportes sejam custeados pelos impostos dos contribuintes, através de medidas como a taxação de fortunas e uma reforma tributária que atualize a questão do imposto progressivo. Ainda segundo Caio, "o que propomos é que as classes que se beneficiam do deslocamento dos trabalhadores custeiem a tarifa zero. No entanto, esta proposta não foi ouvida pelo governo federal", disse Caio.
Militantes de alguns partidos de esquerda também não enxergam no “acolhimento” da presidenta Dilma a intenção de ouvir o clamor das ruas. Janaína Rodrigues, militante do PSTU, comentou que "o governo Dilma está fazendo apenas um jogo de cena na tentativa de acalmar os movimentos que estão acontecendo no Brasil". Janaína pensa que, apesar de as ruas não se manifestarem diretamente contra o governo federal, muitas das reivindicações vão contra políticas governamentais.
João Victor Pavesi, militante do PSOL, partido que declinou formalmente o pedido de reunião da presidenta, explicou os motivos da recusa: "o partido decidiu não participar das reuniões pois acredita que as pautas estão nas ruas. Com isso queremos dizer que, se a presidenta não incorpora as demandas populares às políticas governamentais, não são as reuniões de gabinete que irão contemplar as necessidades da população. O PSOL crê que o povo deve continuar nas ruas para que suas demandas sejam de fato atendidas", afirmou o professor de geografia.
CSP-Conlutas, Intersindical e Unidos pra Lutar - centrais sindicais que convocaram o ato - prometem um dia nacional de paralisações para a próxima quinta-feira (11).
A adesão daqueles que circulavam pela Paulista durante a manifestação foi baixa, diferentemente dos atos contra o aumento das tarifas em São Paulo. Cerca de mil pessoas estavam presentes.
A intenção da manifestação era apresentar os seguintes “5 pactos pelo povo” (que ironizam os “5 pactos pelo Brasil” apresentados pelo governo federal): 1) Pacto pelo transporte: tarifa zero e estatização do transporte. 2) Pacto pelo trabalho: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e anulação da reforma previdenciária. 3) Pacto pela moradia: controle estatal sobre o valor dos aluguéis e medidas que protejam a população dos despejos e remoções. 4) Pacto pela educação: destinação de 10% do PIB à educação. 5) Pacto pela saúde: fim das privatizações via Organizações Sociais de Saúde.
Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto (MTST) nos falou sobre o “diálogo” com a presidenta Dilma Rousseff, noticiado pelo governo federal e pela imprensa: "a proposta de diálogo da presidenta Dilma foi na verdade um 'monólogo'. Nós fomos à Brasília apresentar nossas reivindicações, mas o que vimos foi a presidenta falar sobre as propostas do governo federal sem em nenhum momento incorporar as demandas dos movimentos sociais", afirmou.
Segundo Boulos, nenhuma das 5 propostas apresentadas pelo MTST foi contemplada nos discursos de Dilma Rousseff. São elas o combate a especulação imobiliária com o congelamento do valor dos aluguéis; elaboração de uma comissão federal de prevenção de despejos forçados; reformulação do programa “Minha casa, minha vida”, melhorando a qualidade dos apartamentos; constituição de uma política nacional de desapropriação de terras e destinação de terras da União para a construção de moradias populares; elaboração de um programa federal de auxílio aluguel.
O Movimento Passe Livre (MPL), que conquistou notoriedade nacional após ter tido convocado muitas das manifestações que resultaram na redução da tarifa dos transportes públicos em várias cidades do país, também estava presente. Caio Martins, militante do movimento e estudante de História da Universidade de São Paulo, nos contou sobre as propostas e a reunião com a presidenta. "O Movimento Passe Livre levou à presidenta Dilma a pauta da tarifa zero, mas encontrou alguém sem nenhuma disposição a debater a questão da gratuidade dos transportes públicos, a ponto da presidenta ter nos declarado o absurdo de que 'ou paga o usuário, ou paga o contribuinte'. Isso é óbvio, nós não somos bobos".
A proposta do MPL é que os transportes sejam custeados pelos impostos dos contribuintes, através de medidas como a taxação de fortunas e uma reforma tributária que atualize a questão do imposto progressivo. Ainda segundo Caio, "o que propomos é que as classes que se beneficiam do deslocamento dos trabalhadores custeiem a tarifa zero. No entanto, esta proposta não foi ouvida pelo governo federal", disse Caio.
Militantes de alguns partidos de esquerda também não enxergam no “acolhimento” da presidenta Dilma a intenção de ouvir o clamor das ruas. Janaína Rodrigues, militante do PSTU, comentou que "o governo Dilma está fazendo apenas um jogo de cena na tentativa de acalmar os movimentos que estão acontecendo no Brasil". Janaína pensa que, apesar de as ruas não se manifestarem diretamente contra o governo federal, muitas das reivindicações vão contra políticas governamentais.
João Victor Pavesi, militante do PSOL, partido que declinou formalmente o pedido de reunião da presidenta, explicou os motivos da recusa: "o partido decidiu não participar das reuniões pois acredita que as pautas estão nas ruas. Com isso queremos dizer que, se a presidenta não incorpora as demandas populares às políticas governamentais, não são as reuniões de gabinete que irão contemplar as necessidades da população. O PSOL crê que o povo deve continuar nas ruas para que suas demandas sejam de fato atendidas", afirmou o professor de geografia.
CSP-Conlutas, Intersindical e Unidos pra Lutar - centrais sindicais que convocaram o ato - prometem um dia nacional de paralisações para a próxima quinta-feira (11).
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