247 - O jornalista Janio de Freitas, um dos mais experientes nomes da imprensa brasileira, denuncia uma campanha movida por interesses internos e externos contra a Petrobras e defende uma nova batalha em defesa do pré-sal, assim como ocorreu há 60 anos, na campanha 'o petróleo é nosso'.
É o que ele faz no artigo 'De olho no óleo', publicado neste domingo na Folha de S. Paulo. "A pressão para que seja retirada da Petrobras a exclusividade como operadora dos poços no pré-sal começa a aumentar e, em breve, deverá ser muito forte. Interesses estrangeiros e brasileiros convergem nesse sentido, excitados pela simultânea comprovação de êxito na exploração do pré-sal e enfraquecimento da empresa, com perda de força política e de apoio público. Mas o objetivo final da ofensiva é que a Petrobras deixe de ter participação societária (mínima de 30%) nas concessionárias dos poços por ela operados", afirma.
Janio cita a iniciativa do senador José Serra (PSDB-SP), que já apresentou projeto contra a exclusividade da Petrobras no pré-sal. "O senador José Serra já apresentou um projeto para retirada da exclusividade operativa da Petrobras nos poços. Justifica-o como meio de apressar a recuperação da empresa e de aumentar a produção de petróleo do pré-sal, que, a seu ver, a estatal não tem condições de fazer: 'Se a exploração ficar dependente da Petrobras, não avançará'. A justificativa não se entende bem com a realidade comprovada. Mas Serra invoca ainda a queda do preço internacional do petróleo como fator dificultante para os custos e investimentos necessários às operações e ao aumento da produção pela Petrobras.", aponta Janio.
Serra enfrentará a resistência, no Congresso, do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que, em entrevista ao 247, classificou o projeto como "entreguismo total" (leia mais aqui). Requião afirmou que pretende publicar, pela gráfica do Senado, todas as informações sobre o Brasil já divulgadas pelo Wikileaks, o site de vazamentos de informações confidenciais criado pelo australiado Julian Assange. "Estão ali todas as conversas do Serra com a Chevron, em que ele promete abrir o pré-sal", avisa.
Tanto Janio quanto Requião usam o mesmo argumento para contestar a tese de que a Petrobras teria perdido o acesso aos mercados internacionais e, assim, teria de ceder o controle do pré-sal a firmas estrangeiras, como a americana Chevron. "Se a Petrobras perde a confiança de brasileiros, ganha a da China, que a meio da semana concedeu-lhe US$ 3,5 bilhões em empréstimo com as estimulantes condições do seu Banco de Desenvolvimento", diz Janio.
O jornalista lembra, ainda, que o Plano Serra dificilmente teria o apoio dos militares, cuja tradição é nacionalista – e não entreguista. "O tema pré-sal suscita mais do que aparenta. As condições que reservaram para a Petrobras posições privilegiadas não vieram só das fórmulas de técnicos. Militares identificaram no pré-sal fatores estratégicos a serem guarnecidos por limitações na concessão das jazidas e no domínio de sua exploração. A concepção de plena autoridade sobre o pré-sal levou, inclusive, ao caríssimo projeto da base que a Marinha constrói em Itaguaí e à compra/construção do submarino nuclear e outros", afirma.
"Há 60 anos e alguns mais, 'O Petróleo é Nosso' foi mais do que uma campanha, foi uma batalha. Olha aí o século 20 de volta", conclui o jornalista.
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