E não é tudo; revista Gloss também sai do mercado; site da Contigo perde autonomia; 150 profissionais do Grupo Abril são demitidos; gestão de Gianca Civita e Fábio Barbosa ainda pode baixar novamente o facão; mas na revista Veja, diz a dupla no comando, "ninguém mexe"; com menos publicações, Novo Edifício Abril fica grande demais; gráfica, subaproveitada; área editorial tem de cortar R$ 100 milhões em despesas; empresa só vai bem no setor educacional, no qual já tem 11 colégios particulares; mudança de ramo?
1 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 16:31
247 – As promessas da gestão de Giancarlo Civita e Fábio Barbosa à frente do Grupo Abril começaram, conforme o anunciado, a serem cumpridas nesta quinta-feira 1. Cerca de 150 profissionais foram demitidos, e o portfolio de revistas, reduzido. Deixam de circular, a partir de agora, segundo anúncio oficial da Abril, as revistas Alfa, considerada para um público de elite, Gloss e Lola, voltadas para meninas adolescentes. A revista Contigo, que deve ter sua administração transferida para o grupo Caras, perdeu seu próprio site, que se integrado a um portal já existente.
Os cortes devem continuar. Pelas contas do presidente do Conselho de Administração, Giancarlo Civita, e do presidente do Grupo, Fábio Barbosa, a área editorial da Abril precisa ter gastos enxugados em R$ 100 milhões ao ano. Eles tiveram dificuldades em fazer as reduções anunciadas agora, em razão de pouca familiaridade com a companhia. Barbosa, no cargo há pouco mais de um ano, tem dito a amigos que vê dificuldades em atuar de maneira autônoma em razão da presença de Gianca e seu irmão Titi Civita, filhos do herdeiro Roberto Civita, morto este ano.
CUNHADO AFASTADO - Gianca, por seu lado, nunca foi próximo do dia a dia da empresa, tendo ocupado apenas altos cargos decorativos quando seu pai comandava o negócio. O ex-diretor Jairo Leal, casado com Roberta Civita, a terceira herdeira, e considerado o melhor quadro administrativo da companhia, está afastado. O principal conselheiro de Roberto Civita, o vice-presidente Thomás Souto Corrêa, igualmente está fora do círculo de tomada de decisões.
Havia a decisão, entre Gianca e Barbosa, de fechar a também deficitária revista Playboy, mas ambos descobriram, ao examinar detidamente o caso, que a multa recisória junto à franquia americana era muito alta. Não há garantia de que novas demissões deixem de ocorrer. O facão está afiado na Editora Abril.
Fechar revistas e demitir profissionais, no entanto, têm efeitos colaterais negativos na vida da empresa. O corte no portfolio de 52 publicações de periodicidade regular, ao tempo da gestão de Roberto Civita, pode tornar grande demais para a empresa o Novo Edifício Abril - portentoso prédio, em São Paulo, pelo qual a companhia paga, de aluguel, US$ 1 milhão mensais, conforme comentários de mercado. Além disso, a gráfica da empresa passa a ficar subaproveitada, o que significa mais custos.
MUDANÇA DE RAMO - No mercado editoral, comenta-se, com triste ironia, que o Grupo Abril poderia estar mudando de ramo. Afinal, enquanto suas revistas naufragam por falta de planejamento -- estruturas caras, com vendas declinantes e baixo faturamento publicitário --, a área que vai vem dentro da empresa é a Abril Educação. Com investimentos superiores a R$ 1 bilhão, a Abril comprou, nos últimos doze meses, nada menos que 11 colégios particulares, entre eles a rede Anglo de cursinhos vestibulares. Dali, extrai dinheiro em cash, todos os meses, de mais de 10 mil estudantes. Fazer revistas, a julgar pela matemática que guia Gianca e Barbosa, está cada vez menos no foco da companhia. A exceção é a revista Veja, ainda com influência política sobre a classe média, e de nítida orientação editorial contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Ali, avisam os, digamos, timoneiros, "ninguém mexe".
Nenhum comentário:
Postar um comentário