Membro do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) bateu duro em Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter mentido na CPI da Petrobras; "O espírito de porco não pode passar em cima do espírito público nosso, que é representar o desejo daquelas pessoas que estão fora do Congresso, mas que nos colocaram lá dentro como seus representantes", afirmou Delgado; de acordo com o parlamentar, se Cunha não for cassado, será "uma demonstração de que uma laranja podre vai contaminar o resto do cesto"
6 DE JUNHO DE 2016 ÀS 16:14
Minas 247 - Membro do Conselho de Ética da Câmara Federal, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) bateu duro no seu colega da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter mentido na CPI da Petrobras ao afirmar que não possui contas no exterior, informação que foi provada ser falsa nas investigações da Operação Lava Jato. "O espírito de porco não pode passar em cima do espírito público nosso, que é representar o desejo daquelas pessoas que estão fora do Congresso, mas que nos colocaram lá dentro como seus representantes", disse Delgado.
De acordo com o parlamentar, há chance de o conselho "aprovar [o parecer que pede a cassação de Cunha]". "Eu não tenho dúvida de que a gente tinha, neste momento, que estar aprovando o parecer do Marcos Rogério, pela contundência e pela demonstração de provas que teve, por unanimidade", disse.
"Se você olhar os membros que estão lá hoje, com a realidade que está lá hoje, com o relatório que foi lido na última quinta-feira, a gente tem tudo para ter a votação e ter a aprovação do relatório do Marcos Rogério, mas volto a dizer que eu não posso cravar o resultado", acrescentou.
Segundo o congressista, se Cunha "for cassado, o poder dele se reduz drasticamente". "Ele vem sendo diluído ao longo do tempo. Tanto que ele tentou um movimento de voltar para a Câmara e ficou com medo da reação que isso teria no STF e acabou não voltando. O poder dele vem sendo diluído. Se ele for cassado, diminui muito. Não é um sentimento satisfatório que a gente tem de tirar o cara, ninguém foi eleito para isso. Mas se a gente não fizer isso é uma demonstração de que uma laranja podre vai contaminar o resto do cesto", afirmou ele em entrevista concedida ao jornal Gazeta do Povo.
Após frisar que o peemedebista "tem sete processos tramitando no STF por ter foro privilegiado", o deputado do PSB-MG disse que o ex-presidente da Câmara "vai pagar para a Justiça com a sua liberdade no momento do julgamento dos processos no âmbito do Supremo".
"Ele já vai pagar pecuniariamente porque o Banco Central imputou a ele a movimentação de contas no exterior e o pagamento de multas em relação a não declaração dessas contas no valor de R$ 250 mil por ano não declarado – e ele não declarou desde 2007. E nós não podemos ter outro caminho. Se ele já tem o julgamento penal, se ele já tem o julgamento tributário, ele não vai ter o julgamento de ética e decoro, que é o mais simples deles?", questionou Delgado.
Manobras
Delgado comentou sobras as manobras de Cunha para adiar a votação do seu processo de cassação. "Nós tivemos em um primeiro momento a discussão da admissibilidade com o relator Fausto Pinato (PP-SP). Quando o Fausto Pinato estava com o relatório foi solicitado a ele [Cunha] que fizesse a defesa prévia, fato que nunca houve em nenhum processo no Conselho de Ética. É a primeira vez que se dá direito a defesa prévia a um representado antes da votação da admissibilidade. Quando tomamos conhecimento que o Fausto era favorável à admissibilidade, pediu-se o afastamento do Fausto", afirmou.
Segundo o deputado, depois foram feitas "algumas alterações na composição do Conselho que já culminaram até agora em 14, entre idas e vindas. Em todas essas alterações era solicitada uma nova sessão para a publicação do nome do novo indicado que vinha da presidência [da Câmara]".
"Depois nós tivemos três ou quatro interpelações em que o presidente da Casa se dirigia ao vice-presidente [Waldir Maranhão, PP-MA] e nós tivemos três decisões que alteraram o procedimento do Conselho de Ética ou a utilização de testemunhas, ou a própria alteração do membro, a suspeição do presidente do Conselho sendo levantada, questões de ordem feitas de forma recorrentes por seus aliados, de toda ordem", relatou.
"E depois, quando teve a indicação do Marcos Rogério (DEM-RO), foi a mesma coisa: houve a defesa prévia e, depois, quando se conheceu que o voto era pela admissibilidade. Agora, se tenta a retirada, em uma tentativa final, do Marcos Rogério como relator do processo. O interesse nosso é concluir", complementou.
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