TEXTO DE SÉRGIO MARQUEZE
O Paraná produziu mais de 20 milhões de sacas de café por ano nas décadas de 1960/1970. Hoje, a produção média anual não passa de 2,5 milhões de sacas. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB) mostram que nos últimos 12 anos a área plantada encolheu 46%. O parque cafeeiro caiu de 164 mil hectares em 2000 para 88 mil He em 2012.
O cultivo da lavoura envolve 12 mil produtores (83% agricultores familiares) em 200 municípios paranaenses. A atividade gera em torno de 50 mil empregos permanentes e 150 mil temporários.
A escassa mão-de-obra, o risco de geadas e o aumento nos custos de produção desestimulam os cafeicultores paranaenses.
Diante deste cenário, o governo estadual com apoio da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) está trabalhando na reestruturação da atividade. Um dos objetivos é aumentar a produtividade de 25 sacas por hectare para 40 sacas. Além disso, há o desafio de melhorar a qualidade do café, renovar as lavouras e superar a dificuldade da mão-de-obra.
O primeiro passo é a criação de 300 unidades demonstrativas em todo o Estado para avaliar o solo, a adubação, a irrigação e adensamento das lavouras. A segunda etapa é incentivar a colheita mecanizada com máquinas de pequeno porte. Para isso, o governo prepara uma linha especial de financiamento. Outra medida é destinar recursos para a produção de mudas de café e renovar as lavouras com baixa produtividade e contratar mais técnicos para prestar assistência aos produtores.
A meta até 2014 é plantar uma média de 8 mil hectares/ano, totalizando um aumento de 32 mil He na área plantada; readequar 54 mil He com podas em 60% das lavouras com potencial de recuperação, preparando-as para mecanização.
O chamado Norte Pioneiro do Paraná será a primeira região a receber a Certificação de Indicação Geográfica para seus cafés especiais. A certificação, que aponta a procedência do café, é consideração uma das mais importantes do mercado mundial, deve ampliar o valor agregado do produto e abrir novos mercados.
O processo de certificação te início em 2008 por iniciativa dos próprios cafeicultores da região, como apoio da SEAB, Emater e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). É classificado como especial o café limpo e sem defeitos. São encaminhados para comercialização somente cafés com certificado de origem que tenham passado por todos os processos de produção recomendados. Antes de receberem o selo e o lacre, passam por testes físicos de qualidade sensorial e as propriedades são visitadas.
A certificação vai beneficiar uma área que envolve 45 municípios com 7.500 cafeicultores responsáveis pela produção de 1,3 milhão de sacas beneficiadas por ano. Será o correspondente a 50% da produção paranaense de café.
Com o avanço da qualidade, um grupo de produtores da região fechou um contrato de exportação de um contêiner com 320 sacas de café beneficiadas para os Estados Unidos ao custo equivalente a R$ 590,00 a saca, enquanto o valor vigente no mercado na época em que o negócio foi fechado era de R$ 450,00.
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