O lucro líquido das empresas de ônibus de São Paulo é um terço superior à média nacional, segundo planilhas da SPTrans. Os valores foram comparados com dados da NTU (Associação Nacional de Transporte Urbano), que reúne 538 companhias do país.
MARIO CESAR CARVALHO
MARIO CESAR CARVALHO
No restante do país, o lucro líquido das empresas é de 4,5%, segundo o presidente da associação das empresas, Otávio Cunha. Se esse índice fosse aplicado a São Paulo, o lucro líquido das empresas cairia para R$ 270 milhões.
A taxa de lucro de 6,8% é considerada alta por economistas e empresários ouvidos pelaFolha, porque no setor de transporte urbano as margens de lucro variam de 4% a 5% no país.
Não é só o lucro em São Paulo que está alto, segundo especialistas. A taxa de retorno, de 14%, também está acima da média nacional para ônibus e é quase o dobro do índice que o governo federal pagará para estradas (7,2%).
Taxa interna de retorno é um prêmio que o governo paga a empresários para que eles toquem negócios que são, na maioria, monopólios naturais, como água e luz.
Esse prêmio tem de ser acima do que os bancos pagam para os investimentos; se não for, eles vão preferir manter o dinheiro no banco.
Num exemplo hipotético, o empresário que investir R$ 1 em ônibus teria um retorno de R$ 0,14; ao aplicar em estradas, ficaria com R$ 0,07.
O economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, considera "muito elevados" tanto o lucro quanto o retorno de 14%. "Como os juros caíram nos últimos anos, as taxas de retorno estão abaixo de 10%", diz.
Foi o que aconteceu com o sistema Anchieta-Imigrantes. A concessão de estrada em 1998 previa uma taxa de retorno de 18%; no começo deste ano, caiu para 9,2%.
Isso ocorreu no contrato de ônibus, mas em nível menor. Quando o contrato foi assinado em 2003, na gestão de Marta Suplicy, a taxa de retorno era de 18% e a taxa básica de juros estava em 14% ao ano. Atualmente, a taxa de retorno é 13% e a Selic, 7,5%.
O prefeito Fernando Haddad diz que a cidade paga uma taxa de retorno alta por oferecer mais riscos com a sua dívida de R$ 53 bilhões.
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