O Cerest (Centro de Referência de Saúde do Trabalhador) de Colatina tem um exemplo da importância da inclusão social numa empresa. Há um ano possui em seu quadro de funcionários um deficiente visual que mostra a mesma capacidade dos outros, que não encontra dificuldade nenhuma para exercer sua função.
Marcos Alberto Tinelli, 48 anos, é um dos seus três fisioterapeutas e o único do Estado, na sua condição, contratado como fisioterapeuta. Ele contou que perdeu a visão aos 32 anos, quando apresentou uma doença que já provocou cegueira em muitos membros de sua família, a Neuropatia Óptica Hereditária de Leber, que ocorre devido a um defeito no DNA mitocondrial que é transferido somente pela mãe para filhos do sexo masculino.
Na área de reabilitação física ele começou a atuar em 2002, quando fez um curso de Massoterapia promovido pela Prefeitura e depois, com alguns amigos, também deficientes, trabalhou num espaço cedido pelo Instituto dos Olhos. Foi o início de sua inserção no mercado de trabalho. Logo veio a vontade de estudar Fisioterapia no Unesc, onde se formou em 2008, e foi trabalhar na Apae (Associação dos Pais e Amigos do Excepcional) com Fisioterapia Respiratória e Motora.
No Cerest, o fisioterapeuta atende atualmente 16 pessoas das 7 às 15 horas, e o que chama a atenção dos que trabalham com ele é a sua desenvoltura em lidar com os equipamentos. “Não tenho dificuldades para exercer meu trabalho. Utilizo os equipamentos com facilidade. Costumo brincar com os pacientes, após um tempinho que eles começam o tratamento, perguntando se eles já perceberam que não enxergo. Fazer o que faço é uma questão de sensibilidade. Não preciso enxergar com os olhos”, afirma.
Texto: Maria Tereza Paulino
Foto: (PMC/Laércio Signorelli)
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