quinta-feira, 1 de novembro de 2012

RS: Vale do Taquari responde por 93% das propriedades saneadas no Brasil



postado há 1 dia atrás

Em 2009, nasceu o Projeto Piloto da Comarca de Arroio do Meio de Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovinas. O projeto tem meta de certificar mais de 2,7 mil áreas, com 34 mil cabeças de gado, de seis municípios - Arroio do Meio, Capitão, Coqueiro Baixo, Nova Bréscia, Pouso Novo e Travesseiro. Até o momento, o plano já atestou 60% das propriedades previstas, e a maioria encontra-se em processo final de certificação. No Rio Grande do Sul inteiro, apenas 144 propriedades encaminharam os processos. No Vale do Taquari são 1,7 mil propriedades reconhecidas como áreas livres de tuberculose e brucelose - dado informado pela coordenação estadual do programa. No Ministério da Agricultura, o número informado é de 1.218.

O segredo para o sucesso do projeto piloto chama-se parceria. Um dos grandes empecilhos do programa nacional era o excesso de burocracia e o valor baixo pago de indenização aos criadores pelos animais contaminados, que obrigatoriamente precisam ser sacrificados. Mas na iniciativa que nasceu no gabinete do MP essa conta foi dividida. Para cada animal imolado, o produtor só arca com 25% do valor. O restante é rateado entre as prefeituras, o Ministério da Agricultura e o Fundo Estadual de Desenvolvimento e Defesa Sanitária (Fundesa). O pagamento das indenizações leva de um a dois meses. "É o tempo necessário para a avaliação da documentação e o parecer dos conselhos técnicos operacionais da pecuária de corte ou leiteira", explica o presidente do Fundesa, Rogério Kerber.

Para o coordenador do PNCEBT no Rio Grande do Sul, Jorge Meanna de Almeida, o projeto piloto quebrou um paradigma no país. "Provou que com a participação das entidades que apresentam alguma relação com saúde animal e humana, incluindo não só os produtores rurais, mas também a população como um todo, é possível enfrentar essas doenças de frente." Coordenador local do projeto piloto, Oreno Ardêmio Heineck, concorda. "Pode-se dizer que a iniciativa é um sucesso e forneceu um modelo histórico e imprescindível ao Estado e ao país. É só lembrarmos que, ao iniciá-lo, em 2009, o Brasil contava com apenas 120 propriedades rurais certificadas. Agora já são 1,7 mil só aqui."

Tuberculose bovina

- Causada pela bactéria Mycobacterium bovis é uma doença infectocontagiosa de evolução crônica que se caracteriza pelo desenvolvimento de nódulos, denominados tubérculos, que podem se localizar em qualquer órgão ou tecido. Por ser uma zoonose, pode ser transmitida ao ser humano, especialmente a quem lidar diretamente com os animais infectados ou com os produtos provenientes destes.

- Nos animais, a tuberculose provoca perdas diretas resultantes da queda no peso e diminuição da produção de leite. Estima-se que os animais contaminados percam de 10% a 25% de sua eficiência produtiva.

- As principais formas de transmissão ocorrem pelo ar expirado, pelas fezes e urina, pelo leite e outros fluidos corporais, dependendo dos órgãos afetados. O trato digestivo também é porta de entrada, principalmente em bezerros alimentados com leite proveniente de vacas tuberculosas e em animais que ingerem água ou forragens contaminadas. Eventualmente, o homem com tuberculose causada peloMycobacterium bovis pode ser fonte de infecção para os rebanhos.

Brucelose bovina

- Também é uma doença infectocontagiosa, provocada pela bactéria Brucella abortus, caracterizada por causar infertilidade e aborto no final da gestação dos animais. Por ser uma zoonose, pode ser transmitida ao ser humano.

- A brucelose gera perdas diretas por causa dos abortos, baixos índices reprodutivos, aumento do intervalo entre partos, diminuição da produção de leite, morte de bezerros e interrupção de linhagens genéticas. Estimativas apontam redução de 25% na produção de leite e 15% na produção de bezerros.

- A principal fonte de infecção é representada pela vaca prenhe, que elimina grandes quantidades do agente por ocasião do aborto ou parto, contaminando pastagens, água e alimentos. Uma vaca pode adquirir a doença apenas por cheirar fetos abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos olhos.

Fonte: médica-veterinária Ana Claudia Mello Groff, coordenadora do PNCEBT no RS

Como funcionam as certificações? 

A certificação de estabelecimento de criação livre de brucelose e de tuberculose é de adesão voluntária, devendo ser formalmente solicitada na Inspetoria Veterinária e Zootécnica (IVZ). O certificado é emitido pela Superintendência Federal de Agricultura, condicionado à obtenção de três testes de rebanho negativos consecutivos, realizados num intervalo de 90 a 120 dias entre o primeiro e o segundo testes, e de 180 a 240 dias entre o segundo e o terceiro. Os exames são realizados por médicos-veterinários habilitados pelo Ministério da Agricultura, que serão os responsáveis técnicos pela certificação.

O certificado de propriedade livre tem validade de um ano. A renovação deverá ser solicitada todo o ano na Inspetoria Veterinária, apresentando resultado negativo um teste no rebanho.

A matéria é do Jornal O Informativo do Vale, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.

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