11 de novembro de 2014 | 16:51 Autor: Fernando Brito
Apesar de, em função da seca saariana que atinge a região, a produção do Sudeste ter caído 9,8% em relação ao ano passado, a safra agrícola brasileira vai superar em 2,8% a do ano passado, com 193,5 milhões de toneladas, contra 188,2 milhões de toneladas obtidas em 2013.
É a prova mais incontestável de que, nesta área, nossos problemas na balança comercial vêm da queda dos preços das commodities no mercado internacional, um processo que vem se mantendo constante desde 2011, com pequenos intervalos de alta.
Não é um processo em que o mundo vá dar importância a se é João ou José o futuro ministro da Fazenda de Dilma.
Mas é um processo em que nossa posição no mundo deve contar, sobretudo na Organização Mundial do Comércio, porque as relações de troca internacionais, que tinham experimentado uma melhora no equilíbrio com a alta das commodities no final da década passada, voltaram a piorar na primeira metade destas.
Por maiores – e necessários – que sejam os investimentos em logística agrícola, é o preço no mundo que determina em boa parte a produção aqui.
É, também, uma advertência para os “adoradores da meta” de inflação sobre a necessidade de permitir um câmbio mais próximo do realismo, porque o país não pode inviabilizar seu balanço monetário em razão de um dólar deprimido.
E que é, também, a mais importante razão da estagnação da indústria.
É o que dizem, aliás, os economistas que, capitaneados por Maria da Conceição Tavares, fizeram um manifesto contra a ” austeridade sob coação” que a agenda econômica da mídia e do capital financeiro querem enfiar, a qualquer preço, goela abaixo do Brasil como verdade absoluta.
É verdade que se precisa fazer ajustes, mas não para parar a economia e obter queda de inflação pela estagnação.
O processo de desequilíbrio da economia brasileira é, essencialmente, fruto da conjuntura internacional, não o de gastos internos excessivos, até porque estes, ao fim e ao cabo, acabam sendo motor da atividade econômica interna.
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