Alana Rodrigues* | 10/07/2015 11:30
Meia Hora e Brasil Econômico enfrentam problemas financeiros que passaram
a comprometer o pagamento de salários e os benefícios de seus funcionários
desde o ano passado. Atualmente, parte da equipe recebeu os vencimentos
no dia 8 de julho, enquanto a outra ainda aguarda o pagamento.
Crédito:Reprodução
Crise financeira gerou atraso nos salários e corte de plano de saúde
IMPRENSA apurou que desde agosto de 2014, o FGTS dos funcionários não
é depositado. Havia previsão de regularização, mas até o momento os
trabalhadores reclamam de irregularidades. Os salários dos PJs - colunistas
e editores que ganham salários mais altos - começaram a atrasar a partir de novembro.
Em março deste ano, os empregados da publicação foram informados de que o
INSS era descontado do salário, mas não estava sendo repassado. O pagamento
deixou de ser no dia 5 e passou a ser feito no quinto dia útil. Alguns funcionários
que saíram de férias também não receberam o valor referente ao período.
Além disso, o plano de saúde está temporariamente suspenso por falta de
pagamento. A empresa proprietária do jornal prometeu aos empregados
regularizar a situação até a próxima semana, mas o clima é de incerteza.
Os funcionários questionam também a falta de transparência sobre a situação.
Apesar da crise financeira, O Dia tem vivido momentos importantes na imprensa,
tanto que conquistou quatro prêmios de jornalismo em 2014 e tem em sua
equipe o repórter João Antônio Barros, listado como o quinto jornalista mais
premiado no país.
Ação sindical
Ação sindical
À IMPRENSA, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio
de Janeiro (SJRJ), Paula Máiran, disse que a situação é preocupante. "A
gente vem evitando fazer muito alarde em relação à situação a pedido dos
próprios colegas, porque eles temem que a publicidade contribua para a
derrocada ainda mais rápida da empresa", explica.
Segundo ela, o sindicato acompanha de perto a situação nos últimos dois
anos. A entidade vem realizando reuniões com a base, organizada em uma
comissão de empregados e com a direção dos veículos. "A gente tem
pedido o compromisso de tentar melhorar pelo menos a transparência
e a informação sobre os problemas", diz. Ela reforça a flexibilidade e
compreensão dos jornalistas.
Paula informa ainda que a empresa comprovou, via documentos, que parcelou
o atrasado do FGTS e negocia o repasse do INSS. Para ela, o problema é que
há nenhuma garantia concreta de sustentabilidade da situação. "Nossa atuação
tem sido na tentativa de reduzir os danos, pressionando a empresa para que,
nesse momento, o que tiver de financeiro, que seja priorizado na
garantia dos direitos dos trabalhadores", destaca.
A presidente observa três efeitos na crise do setor de comunicação. O primeiro,
envolve a dificuldade dos patrões de encontrar um modelo de negócios para
se manter lucrativo na concorrência. O outro, diz respeito ao desgaste do
próprio padrão editorial dos meios tradicionais. Já no caso específico do
Rio de Janeiro, ela cita "um quadro gravíssimo de concorrência desleal,
com uma atuação selvagem do grupo Globo".
Procurado por IMPRENSA, o jornal ainda não se posicionou sobre o assunto.
* Com supervisão de Vanessa Gonçalves.
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