Por Herbert Soares
Texto publicado no jornal “A Gazeta” em 21 de julho de 2012.
Casarões preservam a história política, cultural e esportiva do município,
através de suas características arquitetônicas, móveis centenários e galeria de
fotos de personagens ilustres.
A construção que mais se destaca na Praça Antonio Guizzardi, no centro de
Muniz Freire, é o que se conhece hoje por Casa da Cultura. Esse belo casarão
foi construído em 1927, inicialmente pelas mãos de Pedro Deps e depois por
Antônio Campanharo. Segundo o escritor Carlos Brahim, em “A História de
Muniz Freire”, os primeiros proprietários foram comerciantes locais, e depois
o mesmo foi adquirido pelo Estado, funcionando ali a COFAI e a Coletoria
Estadual.
O casarão encontra-se hoje em poder da prefeitura municipal e o seu estado
de conservação é ótimo. No ano 2000, toda construção foi restaurada através
de uma parceria entre a prefeitura e a empresa Samarco. Passado o restauro,
a mesma foi reinaugurada em 22 de abril de 2000.
Suas características arquitetônicas são bem peculiares, destacando-se por
beleza e vivacidade. Conta com dois andares. O casarão é todo pintado na cor
salmão, com alguns detalhes em branco, e suas portas e janelas são verdes.
Na parte frontal do primeiro andar, há duas portas grandes de madeira e quatro
janelas, sendo duas de cada lado da porta. A fachada do segundo andar
segue o mesmo o mesmo estilo do primeiro, com duas portas grandes e quatro
janelas. A diferença entre as duas é que, no segundo andar, há uma pequena
varanda, de onde se avista a Praça Antônio Guizzardi. O interior é todo pintado
de branco. Nos fundos há um jardim com alguns bancos, que recebeu o nome
de Abgail Maria Mota Areas. No primeiro andar funciona o museu municipal,
com diversos objetos e fotografias de grande valor histórico para o município.
Na escada que dá acesso ao segundo andar existem duas homenagens.
Na parede esquerda estão as fotos do Grupo dos Onze do município; já a
parede direita homenageia os ex-combatentes que lutaram na Segunda Guerra
Mundial.
Chegando ao segundo andar, as pessoas se deparam com a história política
e esportiva do município. Logo na entrada desse pavimento, há uma galeria
com as fotos dos ex-prefeitos. Nesse mesmo andar, outra galeria de fotos
presta homenagem aos munizfreirenses ausentes nº 1. Esse espaço prima
muito pela história esportiva do município, com especial destaque para o troféu
de campeão capixaba de futebol da primeira divisão, conquistado pelo Muniz
Freire Futebol Clube, em 1991. Vale destacar o belo auditório, com capacidade
para receber 60 pessoas sentadas.
Família Mignone
Sem dúvida alguma, o casarão mais impactante de Muniz Freire é a atual
residência da família Mignone. Podem-se buscar as fotos mais antigas da
cidade, e lá estará o imponente casarão numa praça ainda sem as enormes
árvores do nosso tempo.
O casarão foi construído para a família de Giuseppe Vivacqua, sendo
posteriormente adquirido pela família De Biase. O encarregado da obra foi
Francesco Tallon. Na década de 50, foi adquirido por Américo Mignone e,
atualmente, como foi dito no início, ainda pertence à família Mignone.
Não se sabe a data exata de início e término da construção, mas dados
coletados com os atuais proprietários, que foram repassados por Eunice
Vivacqua, neta do primeiro proprietário, trazem a informação de que o
casarão foi construído em 1889. Na Casa da Cultura de Muniz Freire existem
fotografias do início século passado que registram o casarão na praça central
do município. É importante dizer que o primeiro proprietário, o imigrante italiano
Giuseppe Vivacqua, era avô do senador, jurista e importante político capixaba
Atílio Vivacqua, nascido na praça onde se localiza o casarão.
Está localizado de frente para a Praça Divino Espírito Santo e com a lateral
para a Rua Américo Mignone, 148, na parte mais movimentada da cidade. É a
única construção do século XIX que sobreviveu ao tempo e, com certeza, ainda
é a que mais se destaca no centro da cidade.
Desde sua construção até os atuais dias, o casarão serve como moraria
no segundo andar e, no térreo, como ponto comercial. É de se admirar o seu
impecável estado. Para coroar a história do município, os poderes competentes
deveriam criar um cartão-postal da casa, incentivando assim o turismo e a
preservação de outras construções históricas.
Há no casarão alguns móveis centenários que pertenceram à família de
Giuseppe Vivacqua em 1889, como uma escrivaninha, um cofre e uma pá de
madeira usada para cortar polenta. Mas o que mais chama a atenção é um
filtro de pedra preta com a inscrição “Ribeiro”. Segundo Eunice Vivacqua, essa
inscrição remete a Eduardo G. Ribeiro, sendo então a mesma inscrição que
está na fachada do Teatro Amazonas.
Por fim, vale destacar o empenho e a dedicação dos atuais proprietários.
Quando entrevistados, é muito fácil observar o amor que possuem pela casa.
Mais de um século após a sua construção, deve-se lembrar de todos os que
moraram e lutaram para preservar esse patrimônio da cidade, e parabenizar,
em especial, os atuais proprietários Elvira, Paulo e Sônia, e os demais
familiares, que tanto cuidam do casarão.
Herbert, na última vez que estive em Muniz Freire, em janeiro de 2009, vi o casarão dos Mignone e me admirei do seu estado de conservação. Só não sabia que ainda era da família. Quando morava aí, sempre que passava pelas proximidades, lá estava o sr. Hermes Mignoni aguardando os clientes na porta de estabelecimento, muito simpático com todos. Se fecho os olhos, ainda o vejo lá.
ResponderExcluirVocê fez um belo trabalho. Parabéns e continue nos mostrando o que tem de melhor em nosso querido municipio.
Um grande abraço.
Ana Rosa Machado Furtado