domingo, 22 de julho de 2012

A TRADIÇÃO VIVA DE MUNIZ FREIRE



Por Herbert Soares


Texto publicado no jornal “A Gazeta” em 21 de julho de 2012.


Casarões preservam a história política, cultural e esportiva do município,

através de suas características arquitetônicas, móveis centenários e galeria de

fotos de personagens ilustres.


A construção que mais se destaca na Praça Antonio Guizzardi, no centro de

Muniz Freire, é o que se conhece hoje por Casa da Cultura. Esse belo casarão

foi construído em 1927, inicialmente pelas mãos de Pedro Deps e depois por

Antônio Campanharo. Segundo o escritor Carlos Brahim, em “A História de

Muniz Freire”, os primeiros proprietários foram comerciantes locais, e depois

o mesmo foi adquirido pelo Estado, funcionando ali a COFAI e a Coletoria

Estadual.

O casarão encontra-se hoje em poder da prefeitura municipal e o seu estado

de conservação é ótimo. No ano 2000, toda construção foi restaurada através

de uma parceria entre a prefeitura e a empresa Samarco. Passado o restauro,

a mesma foi reinaugurada em 22 de abril de 2000.

Suas características arquitetônicas são bem peculiares, destacando-se por

beleza e vivacidade. Conta com dois andares. O casarão é todo pintado na cor

salmão, com alguns detalhes em branco, e suas portas e janelas são verdes.

Na parte frontal do primeiro andar, há duas portas grandes de madeira e quatro

janelas, sendo duas de cada lado da porta. A fachada do segundo andar

segue o mesmo o mesmo estilo do primeiro, com duas portas grandes e quatro

janelas. A diferença entre as duas é que, no segundo andar, há uma pequena

varanda, de onde se avista a Praça Antônio Guizzardi. O interior é todo pintado

de branco. Nos fundos há um jardim com alguns bancos, que recebeu o nome

de Abgail Maria Mota Areas. No primeiro andar funciona o museu municipal,

com diversos objetos e fotografias de grande valor histórico para o município.

Na escada que dá acesso ao segundo andar existem duas homenagens.

Na parede esquerda estão as fotos do Grupo dos Onze do município; já a

parede direita homenageia os ex-combatentes que lutaram na Segunda Guerra

Mundial.

Chegando ao segundo andar, as pessoas se deparam com a história política

e esportiva do município. Logo na entrada desse pavimento, há uma galeria

com as fotos dos ex-prefeitos. Nesse mesmo andar, outra galeria de fotos

presta homenagem aos munizfreirenses ausentes nº 1. Esse espaço prima

muito pela história esportiva do município, com especial destaque para o troféu

de campeão capixaba de futebol da primeira divisão, conquistado pelo Muniz

Freire Futebol Clube, em 1991. Vale destacar o belo auditório, com capacidade

para receber 60 pessoas sentadas.


Família Mignone


Sem dúvida alguma, o casarão mais impactante de Muniz Freire é a atual

residência da família Mignone. Podem-se buscar as fotos mais antigas da

cidade, e lá estará o imponente casarão numa praça ainda sem as enormes

árvores do nosso tempo.

O casarão foi construído para a família de Giuseppe Vivacqua, sendo

posteriormente adquirido pela família De Biase. O encarregado da obra foi

Francesco Tallon. Na década de 50, foi adquirido por Américo Mignone e,

atualmente, como foi dito no início, ainda pertence à família Mignone.

Não se sabe a data exata de início e término da construção, mas dados

coletados com os atuais proprietários, que foram repassados por Eunice

Vivacqua, neta do primeiro proprietário, trazem a informação de que o

casarão foi construído em 1889. Na Casa da Cultura de Muniz Freire existem

fotografias do início século passado que registram o casarão na praça central

do município. É importante dizer que o primeiro proprietário, o imigrante italiano

Giuseppe Vivacqua, era avô do senador, jurista e importante político capixaba

Atílio Vivacqua, nascido na praça onde se localiza o casarão.

Está localizado de frente para a Praça Divino Espírito Santo e com a lateral

para a Rua Américo Mignone, 148, na parte mais movimentada da cidade. É a

única construção do século XIX que sobreviveu ao tempo e, com certeza, ainda

é a que mais se destaca no centro da cidade.

Desde sua construção até os atuais dias, o casarão serve como moraria

no segundo andar e, no térreo, como ponto comercial. É de se admirar o seu

impecável estado. Para coroar a história do município, os poderes competentes

deveriam criar um cartão-postal da casa, incentivando assim o turismo e a

preservação de outras construções históricas.

Há no casarão alguns móveis centenários que pertenceram à família de

Giuseppe Vivacqua em 1889, como uma escrivaninha, um cofre e uma pá de

madeira usada para cortar polenta. Mas o que mais chama a atenção é um

filtro de pedra preta com a inscrição “Ribeiro”. Segundo Eunice Vivacqua, essa

inscrição remete a Eduardo G. Ribeiro, sendo então a mesma inscrição que

está na fachada do Teatro Amazonas.

Por fim, vale destacar o empenho e a dedicação dos atuais proprietários.

Quando entrevistados, é muito fácil observar o amor que possuem pela casa.

Mais de um século após a sua construção, deve-se lembrar de todos os que

moraram e lutaram para preservar esse patrimônio da cidade, e parabenizar,

em especial, os atuais proprietários Elvira, Paulo e Sônia, e os demais

familiares, que tanto cuidam do casarão.

Um comentário:

  1. Herbert, na última vez que estive em Muniz Freire, em janeiro de 2009, vi o casarão dos Mignone e me admirei do seu estado de conservação. Só não sabia que ainda era da família. Quando morava aí, sempre que passava pelas proximidades, lá estava o sr. Hermes Mignoni aguardando os clientes na porta de estabelecimento, muito simpático com todos. Se fecho os olhos, ainda o vejo lá.
    Você fez um belo trabalho. Parabéns e continue nos mostrando o que tem de melhor em nosso querido municipio.
    Um grande abraço.
    Ana Rosa Machado Furtado

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