A semana começou mais fraca com o downgrade pela Moody’s de títulos de cinco governos regionais na Espanha, e depois com a divulgação da atividade industrial e de serviços da zona do Euro que continua a retrair mantendo-se em patamares longe de indicar uma recuperação da economia na região.
Na China os indicadores de manufaturados surpreenderam positivamente, neutralizando um pouco o mal humor.
Enquanto isto nos Estados Unidos os resultados do terceiro trimestre de algumas empresas “referência” (como a Apple) vieram aquém das expectativas do mercado, dando um tom mais cauteloso. Para ratificar: o discurso da reunião do FOMC foi de que o crescimento econômico segue moderado no país.
Como miséria pouca é bobagem, o furacão Sandy que chega por aqui na segunda-feira – e que deve causar prejuízos de mais de US$ 5 bilhões de dólares – não ajudou as bolsas, que fecharam em queda comparando com a sexta-feira anterior.
No café as perdas nas últimas duas semanas – data do nosso último comentário – ficaram em US$ 5.23 por saca em Nova Iorque e US$ 3.36 por saca em Londres, cotações pressionadas por vendas de fundos e pouco interesse de compra dos comerciais.
Mais fotos de floradas foram circuladas, e belíssimas mostrando o campo todo branco (claro que ninguém mandaria fotos de floradas que não fossem assim). Aparentemente os produtores estão satisfeitos com o que têm visto, e o mercado se pergunta por quanto tempo o Brasil vai segurar a venda de café e o guarda-chuva para outros países venderem.
A pergunta é pertinente, principalmente se a safra corrente for realmente grande como se fala. O volume de exportação até agora não demonstra isto (ainda?), mas por outro lado os comentários que se ouve vindos do Brasil é de que os armazéns estão abarrotados.
Muitos estão orgulhosos dos preços da saca negociada no país, e destaco um artigo que li recentemente comemorando que nosso café está cada vez mais valorizado e correndo para se equivaler ao colombiano, se esquecendo do quão perverso os preços altos foram para a Colômbia.
Um dos principais efeitos negativos foi a substituição dos blends que resultou em muitos torradores virando as costas completamente para o café que um dia foi símbolo de maior qualidade. Dirão que isto é bom para o Brasil. Eu discordo. Isto foi muito bom para o robusta e para os cafés de qualidade inferior, o que é muito ruim para o crescimento de longo prazo de consumo do café no mundo – pois continuo crendo que uma queda na qualidade da bebida consumida gera menos satisfação do consumidor e portanto uma demanda menor.
O tema é polêmico, eu sei, mas não podemos deixar de mencionar que uma “retenção” natural do café brasileiro, seja via financiamento par estocagem, ou qualquer outro programa que possa ser criado, não vai ajudar muito o país – salvo se acontecer algum evento climático em algum país produtor que diminua o potencial produtivo no mundo. E um dos motivos que não ajuda é porquê vários outros países produtores estão produzindo cada vez mais.
O contrato “C” com os certificados atingindo 2.4 milhões de sacas, ou um aumento de 875 mil sacas até agora no ano, sente o efeito da chegada da safra na América Central e o pouco interesse de compra da indústria. Mais uma vez repito que o suporte terá que vir do robusta, que com a chegada de uma suposta safra vietnamita tão grande quanto a anterior (26 milhões de sacas?) deve pressionar as cotações da LIFFE.
A arbitragem a 67 centavos por libra pode estreitar um pouco mais, é verdade, mas não creio que chegue à 40 centavos, portanto o cenário continua negativo para o arábica.
Corroborando com a nossa tese, um dos grandes dealers no mundo comentou que a queda de consumo do arábica no atual ciclo foi de nada menos de 6%, em benefício do robusta.
Novas mínimas parecem estar chegando.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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