sexta-feira, 4 de março de 2016

"Hoje em Dia", Minas Gerais, surpreende funcionários e demite quase metade da redação


Alana Rodrigues* 04/03/2016 11:00
Cerca de 40 jornalistas foram demitidos do jornal mineiro Hoje em Dia na última segunda-feira (29/2). O número representa quase metade da redação, denunciou o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG).

Crédito:Reprodução
Cortes no jornal podem atingir até 60 jornalistas
Segundo a entidade, os funcionários que estavam de folga durante os cortes foram procurados em casa pela empresa. Outros, em férias, teriam sido pressionados a ir ao jornal assinar o aviso, além de fazer com que alguns empregados assinassem a demissão com data retroativa.

IMPRENSA apurou que pode haver mais demissões, chegando a 60 cortes. Apesar do cenário de crise, os funcionários foram surpreendidos com os desligamentos, alguns tinham mais de 20 e quase 30 anos de casa. 

Outra movimentação que afetou o veículo foi a mudança de grupo. Num período curto de tempo, o Hoje em Dia foi vendido três vezes. A nova empresa ainda é desconhecida pelos funcionários. Recentemente, eles souberam, por outros veículos de comunicação, sobre uma suposta venda para Ruy Muniz, atual prefeito de Montes Claros (MG).

No primeiro dia do mês, o ponto do jornal foi desligado. Os funcionários demitidos nesta data não conseguiram registrar a entrada na empresa, que pressionou para que eles assinassem o aviso de demissão com registro de 29 de fevereiro.

Nesta sexta-feira (4/3), haverá uma reunião marcada pelo Ministério do Trabalho a pedido do Sindicato, para tratar da dispensa. O encontro deve tratar do atraso no adiantamento dos salários, que deveria ter sido pago em 20 de janeiro e do não pagamento das férias no prazo definido por lei, que é de 48 horas antes do início do período.

"Não houve procedimentos legais. A empresa não comunicou o Sindicato. Agora nós vamos cobrar para que a empresa e os novos donos se expliquem sobre as demissões", informou o presidente do SJPMG, Kerison Lopes, à IMPRENSA.

Lopes também lembrou da ação movida contra o jornal por descumprimento de outros direitos trabalhistas, como o pagamento do FGTS, que, segundo os funcionários, estaria sem repasse há um ano.

Em nota, o advogado do Sindicato, Luciano Silva, destacou que o corte de um número tão grande de trabalhadores caracteriza demissão anormal, que tem de ser precedida de negociação com a entidade jornalística. O defensor afirmou ainda que a maneira como as demissões foram feitas pode ser qualificada como assédio moral.

Procurado por IMPRENSA, o Hoje em Dia ainda não se posicionou sobre o assunto.

* Com supervisão de Vanessa Gonçalves.

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