quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

BRIMO ABOUDIB


 
        Eu quero falar do libanês Pedro José Aboudib, que veio da mesma região no Líbano de onde saiu meu avô. Vovô saiu em 1883, com 20 anos. O brimo Aboudib um pouco mais tarde, 1889, com 16 anos. Vieram de Zgharta, nas montanhas do norte. Fizeram o mesmo trajeto de milhares que deixaram suas aldeias, famílias e vieram em busca de um novo horizonte em uma terra distante e desconhecida.
        A caminhada deles merece uma reverencia especial. Brimo Aboudib fez um relato a Indá Soares Casanova, contando sua vida até o dia 2 de junho de 1945, desde Zgharta até o Brasil. Dois motivos me levam a divulgar este texto, publicado em 1997, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. O relato é um roteiro de cinema, oração de um homem que tinha na alma a candura e precisão no uso das palavras. Um homem do diálogo e da boa conversa, basta ler o texto e confirmar o que afirmo.  
        Cheguei a este texto porque meu pai, Manuel Mansur, sempre falava que meu avô veio de Zgharta. Quando descobri que existiu em Anchieta uma barca com o nome de Zgharta, ganhei fôlego para continuar na pesquisa. Mais adiante fiquei sabendo que ela pertencia ao Brimo Aboudib, que fizera uma homenagem a sua cidade natal. Imagino que vovô e Brimo Aboudib tenham se encontrado, porque estavam na mesma época e região, Alfredo Chaves, Anchieta e Guarapari.
          Fazer que mais pessoas leiam este texto é dever, obrigação, homenagem e reverencia que faço aos homens e mulheres da imigração. Quando fiz a primeira leitura, as lágrimas correram soltas e compreendi um pouco mais o que é ser descendente de libanês. Passei a divulgá-lo com insistência, fazendo como um mascate que vende, mas aqui coisa para o espírito. É por isto que sempre falo: Líbano, minha alma veio de lá. O texto é curto, são 22 páginas, com a mensagem de quem não viu obstáculos, apenas barreiras a serem transpostas, com ousadia, coragem e determinação.
           Selecionei dois pontos como aperitivo aos interessados:
         - Nasci em Zgharta, no Líbano, de uma família de pequenos proprietários de terras. Meu pai vivia do cultivo do trigo, batata, milho, possuía um campo de uvas, plantações de azeitonas e criava, em pequena escala, bicho-da-seda. Por ser o mais velho dos irmãos, desde muito jovem fui encarregado de cuidar da irrigação das plantações, que exigia assistência a horas determinadas. Embora com esse encargo, aos oito anos de idade comecei a freqüentar a escola.”
         Em 1910 Brimo Aboudib volta ao Líbano, após 21 anos de sua partida, relata: impossível descrever meu estado d’alma, a alegria sem limite de todos nós, meus irmãos não sabiam o que fazer para me agradar.’’  
           - ...depois de abraçar chorando minha Santa Mãe, compreendi que perdera para sempre meu idolatrado pai. O desespero apossou-se de mim, pois ele era verdadeiramente o elo mais forte que me prendia a terra natal. Esse devotamento que eu sempre lhe demonstrara, parecera ao zelo de minha mãe, uma preferência e, segundo me disse, a fizera silenciar sobre a morte de meu pai, temera que eu, por isso desistisse da viagem.”
              Temos de preservar a memória histórica das nossas famílias, de nossos grupos e das nossas comunidades. Se você estiver interessado no texto, tenho duas recomendações. Entrar em contato pelo endereço eletrônico ou no telefone 8822 0210. A segunda é boa viagem na leitura que será maravilhosa e emocionante.

Um comentário:

  1. postar objetivos hoje em dia num mundo niilista e sem raizes é dificil, mas relendo nosso passado, revivendo emoçoes que nos colocam na classificaçao de seres humanos, fica mais facil compreender e continuar a viver, a encontrar uma razao para prosseguir e para produzir registros uteis para dar direçao aos nossos filhos num futuro nao muito distante...
    obrigada Mansur
    aguardo o texto completo
    rachel queiroz Zuliani

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