quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A MINHA FAMÍLIA


     O meu núcleo familiar é igual a qualquer outro. No mapeamento familiar materno, tenho registros que dão mergulho em Portugal e com passagem em Minas Gerais. Aliás, grande parte dos capixabas tem sua origem histórica nas terras mineiras, tudo obra do isolamento do Espírito Santo ter permanecido intocado praticamente até o XVIII. Por obra e a ação de pesquisa de anos da prima Zélia Cassa de Oliveira, que percorreu dezenas de cidades mineiras, em Cartórios, Paróquias e Arquivos Particulares, para nos brindar com o: Os Alves Araujo Ribeiro Soares – homens e mulheres forjados na luta. Agora sei de onde vim e que tipo de gente tenho na origem materna.
    Zelia nos faz viajar numa estrada que começa em Portugal, passa por Minas e em 1866 toma como destino as terras capixabas, quando os descendentes dos Alves de Araujo Ribeiro Soares ‘’tomaram conhecimento de que uma nova fronteira agrícola se abria, desta vez para as bandas da Serra do Caparaó- naquele momento conquistado por um poderoso rei – O CAFÉ.’’
     Na imensidão de informações que Zélia nos passa, abaixo uma transcrição sobre meu bisavô, Lino Ribeiro de Assis.
      -Adolescente ainda, tomando consciência das míseras e degradantes condições de vida dos negros, nas grandes fazendas de café da região, dedicou-se a defesa da causa abolicionista, para desespero do pai Vicente, proprietário de algumas dezenas de escravos. Nessa aventura era coadjuvado pelo primo Manoel Ribeiro de Souza Cassa, menino de porteira na tropa do Velho Cassa.
     -Para alimentar a campanha operacionalizada de porta em porta, nos ranchos – centro de convergência de tropeiros – Manoel recolhia panfletos, jornais e revistas abolicionistas – que passava às mãos de Lino. Nessas ocasiões, o abolicionista pacientemente explicava a absurda existência de pessoas tratadas com “coisas” vendidas como animais. Outras vezes, era na praça ou na porta da sua venda, que, através de discursos inflamados manifestava a sua indignação.
     -Ao ser substituída a mão de obra escrava pela do imigrante, Lino, voltou a sua atenção para a situação do semi escravismo na qual se debatiam os colonos europeus, nas mesmas fazendas, antes escravocratas. Revoltado com tais circunstâncias, Lino dedicava parte do seu tempo criticando os fazendeiros como tratavam os patrícios e Dona Filomena Vicvaqua, por estar esta senhora sempre ao lado do Padre José Evaristo Villa – com quem Lino comprava brigas homéricas.
     -As divergências contra Dona Filomena se acirravam quando nascia mais uma filha na casa do casal Lino e Carlota (dez filhas no total). Protegida pela altura do seu sobrado, Filomena chegava à janela e gritava: você já comprou a enxada para a sua filha? O piano para a minha filha já chegou.
       A briga entre “piano” e ‘enxada, costumava durar semanas, dividindo a comunidade entre “pianistas’’ partidários de Filomena e enxadeiros correligionários de Lino; até que ela ou ele, por algum ouro motivo, corriqueiro ou sério, dava motivo para o recomeço de novas querelas. Num destes ‘’entreveros’’ o padre Vila excomungou Lino e a sua família até a quarta geração.
        Se toda famílias tivessem uma Zélia, certamente teriam mais informações sobre o passado, que é a base do futuro. Em tempo, o livro que tem centenas de informações ainda não está a disposição do público, por isto convoco todos os Alves de Araujo Ribeiro Soares interessados em conhecer um pouco da sua história familiar a entrarem em contato comigo.
ronaldmansur@gmail.com

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