quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

NÃO SE CURVARAM, FORAM MORTOS


Já se vão quase 46 anos do início dos tempos duros do regime militar que chegou ao Poder em 1964, com a derrubada do presidente João Goulart, eleito em pleito livre e direto por milhões de brasileiros, inicialmente como vice-presidente.
No tempo do regime militar fez uma descabida repressão aos que se postaram contra as suas arbitrariedades. A ação truculenta dos militares e parte da classe política deixaram marcam em muitas famílias capixabas, que perderam filhos mortos sob tortura e também em confronto direto com a máquina militar da repressão. O tempo passa para todos, mas ara as famílias que tiveram as vidas dos filhos retiradas, o tempo passa de forma diferente, passa como dor amarga da ausência de quem lutava pelo bem comum.
Um registro forte e carregado de dados está publicado no livro Dossiê Ditadura- mortos e desaparecidos políticos no Brasil 1964-1985, obra feita sob a responsabilidade da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, publicado pelo Instituto de Estudos Sobre a Violência do Estado e pela Imprensa Oficial do Governo de São Paulo. Agora em segunda edição ampliada, subindo de 433 para 767 páginas, com centenas de fotos, relatos, documentos oficiais e depoimentos marcantes e duros. É ler e conferir.
De um total de 379 pessoas, aparece o grupo de capixabas com cinco. Abaixo um pequeno resumo sobre eles:
Arildo Valadão nasceu em 28 de dezembro de 1948, Muniz Freire, filho de Altivo Valadão de Andrade e Helena Almokdice. Desaparecido em 24 de novembro de 1973. Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Integrante do Destacamento C da Guerrilha do Araguaia.                       
Orlando da Silva Rosa Bonfim Junior nasceu em 14 de janeiro de 1915, em Santa Teresa, filho de Orlando da Silva Rosa Bomfim e de Maria Gasparini Bomfim. Desaparecido em 8 de outubro de 1975. Dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Lincoln Bicalho Roque nasceu no dia 25 de maio de 1945, em São José do Calçado, filho de José Sarmento Roque e Maria Augusta Bicalho Roque. Morto em 13 de março de 1973. Dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
João Gualberto Calatrone nasceu em 7 de janeiro de 1951, em Nova Venécia, filho de Clotildio  Calatrone e Osória de Lima Calatrone. Desaparecido em 14 de outubro de 1973. Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdo). Integrante do Destacamento A da Guerrilha do Araguaia.
Marcos José de Lima nasceu em 3 de novembro de 1947 em Nova Venécia, filho de Sebastião José de lima e Lusia D’Assumpção de Lima. Desaparecido em 20 de dezembro de l973. Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Integrante do Destacamento A da Guerrilha do Araguaia.
José Maurilio Patricio nasceu em 13 de dezembro de 1944, em Santa Teresa, filho de Joaquim Patricio e Izaura de SouzA. Desaparecido em dezembro de 1974. Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Integrante do Destamento B da Guerrilha do Araguaia.
O Jurista Fábio Konder Comparato sintetiza Dossiê: Lendo qualquer de suas páginas temos vontade de baixar a cabeça e chorar: ou, de rezar e meditar sobre o mistério da vida e da morte. 
Estes capixabas morreram pelo ideal que acreditavam e por ele foram sacrificados. É a História sendo passada a limpo. Na História Capixaba deve ter um lugar especial para eles, que não se curvaram e morreram. Devemos a Arildo Valadão, Orlando da Silva Rosa Bomfim Junior, Lincon Bicalho Roque, João Gualberto Calatrone, Marcos Jose de Lima, José Maurilio Patricio, parte da Liberdade e Democracia de hoje. A comunidade capixaba precisa conhecê-los, para reverenciá-los

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