quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Aquecimento global: como o Brasil pode ser atingido



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INPE produz primeiro mapa dos possíveis efeitos da  mudança climática no país. Previstos desabastecimento de água e energia no NE, chuvas devastadoras no SE e inundações constantes em todo litoral
Por Bruna Bernacchio
Há alguns anos, o aquecimento global começou a fazer parte do consciente coletivo. Mas embora tenha se tornado tema corrente, ainda é visto de forma nebulosa e imprecisa — o que dificulta mobilizações. Quais serão suas consequências concretas? De que forma ele afetará, se não interrompido a tempo, nossas vidas e a de nossos filhos e netos? Agora, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) começou a oferecer algumas respostas — relativas especificamente ao Brasil.
A partir da sistematização de diversos relatórios parciais, produzidos ao longo dos anos, o Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do INPE mapeou as possíveis consequências da elevação da temperatura terrestre, até o ano 2100, em cada uma das regiões do Brasil. O infográfico produzido – com grande visualização aqui - permite ter as primeiras noções sobre o que poderá ocorrer nos diversos ecossistemas brasileiros.
O trabalho sugere, por exemplo, que no Nordeste, já em parte semi-árido, pode ocorrer a maior redução de chuvas. Ela desencadeará queda no nível dos rios, gerando possíveis crises tanto no abastecimento de água quanto de eletricidade — já que a principal fonte geradora no país (e na região) é a hidrelética. Já o Sudeste e Sul, ficarão ainda mais chuvosos, com aumento de precipitações torrenciais, piorando as chances de desastres naturais, além de impactos na pecuária. A elevação do mar, causada pelo derretimento das geleiras de todo o mundo, afetará as cidades costeiras. Em todas as regiões, o ar fica mais quente, com mais dias secos e ondas de calor, em função ao desiquilíbrio hídrico. Há impactos na biodiversidade, com consequências na agricultura; na saúde do ser humano, e em todos aspectos da sociedade em geral.
Na base das análises estão observações sobre que vem ocorrendo no país e projeções  para o futuro, conforme os modelos climáticos existentes. Mas há ainda muita incerteza em torno desses cenários. Primeiro, porque esses modelos não conseguiram representar com precisão as características dos climas regionais. Depois, porque essas previsões “ainda não distinguem ou separam os efeitos da variabilidade natural do clima da variabilidade induzida pelo homem”, conclui um dos estudos. Mas é a partir de informações cada vez mais precisas que será possível desenhar estratégias para enfrentar o aquecimento.
Obviamente, o impacto desses mecanismos vai muito além do Brasil: “A Amazônia é uma fonte importante de vapor d’água para a atmosfera do planeta e regionalmente também é fonte de umidade para a bacia do Prata. Certamente, uma seca na região pode afetar o sistema de chuvas em cidades como São Paulo ou Buenos Aires”, prossegue o estudo. De qualquer forma, o INPE acredita que a observação dos possíveis impactos, contribuiu para uma previsão realista e uma “melhoria substancial da avaliação da vulnerabilidade dos países à mudança do clima e de sua capacidade de adaptação”.

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