terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Casamento Civil Trará Benefícios Financeiros




Num país onde a religião dita os direitos de família, as pessoas não assumem que a falta de dinheiro prejudica a oportunidade das pessoas de se casarem, comparem uma casa e constituírem uma família, porque o medo de criticar as autoridades religiosas, fala mais alto. Cada transação financeira relacionada a casamento no Líbano é regida pela seita religiosa dos envolvidos, e quem mais se beneficia com os casamentos no país, certamente são os líderes religiosos. O resto da população só perde, especialmente as mulheres, que precisam lidar com o divórcio e as leis de custódia de filhos, que sempre favorecem os homens. 

Jad Chaaban, um Professor Assistente de Economia da AUB (Universidade Americana de Beirute), realizou um estudo recente sobre os custos e benefícios do Casamento Civil no Líbano, e ele descobriu que se o Casamento Civil se tornar uma realidade, os beneficiários serão a própria população, tanto no sentido social como também financeiro. Chaaban diz que até o momento o foco do debate sobre o Casamento Civil só tem destacado os aspectos sociais de uma sociedade sectária, mas que o impacto econômico que ele causaria ainda não foi mencionado. 

As taxas de um contrato nupcial muçulmano custam, em média, US$200,00. Um casamento na Igreja pode custar até US$10 mil. Um divórcio nos tribunais religiosos pode custar dezenas de milhares de dólares. Deslocar-se para Chipre pra casar no Civil, custa em torno de US$1.250 (incluindo avião, hotel e certidão de casamento). Em contra partida, um casamento civil, pode custar em torno de US$100,00. US$33 milhões em taxas anuais de casamento religiosos constituem o salário-base dos funcionários públicos religiosos.

Esses membros, e funcionários de autoridades religiosas (que possuem umas 6 mil pessoas em suas folhas de pagamento), vem usufruindo desproporcionalmente desse poder econômico há décadas, e são eles que representam a minoria da sociedade, que se posiciona contra o casamento civil no Líbano. Porque obviamente, eles pretendem continuar mantendo essa fonte, ultra rentável de receita e enxergam o Casamento Civil como uma ameaça às suas finanças.  "As autoridades religiosas têm medo das pessoas saírem do seu sistema, e eles perderem as doações dos fiéis”, diz Chaaban. 

A agente de viagens, Chirine El Bittar, que oferece pacotes de casamento em Chipre, diz que existem dois tipos de clientes que buscam o casamento civil em Chipre: Os que querem economizar dinheiro, e aqueles que não querem um casamento religioso. E ela acredita que se o Casamento Civil for aprovado no Líbano, ele vai afetar a sociedade muito mais positivamente, do que negativamente. O casal Darwish e Sukkariyah, que encontrou uma brecha na lei do antigo mandato Frances, e realizou o primeiro casamento civil, possui uma visão bem aberta para as questões financeiras no casamento, e pretendem se basear em seus próprios ideais para começarem uma família, e não se sustentar em regras sectárias, onde o homem é sempre o centro universal do poder, e a mulher, não tem direitos, ou importância na sociedade. 

Nidal é recepcionista numa academia, e devido à sua situação financeira, ele achou que nunca conseguiria se casar, porque no Líbano nem um professor consegue comprar uma casa e começar uma família, se não tiver um bom salário. Kholoud é professora de inglês, e disse que graças ao seu casamento civil ela pôde fazer uma humilde festa de casamento, com US$5 mil. Chaaban revela também, que além dos custos para a sociedade, a pressão financeira e a pobreza estão fazendo com que as pessoas demorem mais tempo para se casar, ou nem se casem, porque enquanto as pessoas se casavam nos anos 70, aos 22 anos, em 2007 a idade média já subiu para 32.

CLAUDINHA RAHME
GazetadeBeirute


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