terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Diversificação de cultura assegura mais de uma década da Conservas Will


19/02/2013 06:08


Diversificação de cultura assegura mais de uma década da Conservas Will

Foto: Arquivo Cepagro

A vida de Antônio Will, 40 anos, é muito diferente hoje do que era há 13 anos, graças ao fim do plantio do tabaco. No final dos anos 90, sua família deixou de fazer parte do grupo de mais de 60 mil produtores de fumo no estado de Santa Catarina - segundo maior produtor brasileiro. Por iniciativa própria, sozinhos no início, os resultados foram pequenos. A força veio a partir de 2006, quando a família passou a receber assistência técnica pelo Programa Nacional de Diversificação de Áreas Cultivadas com Tabaco, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Decididos a deixar a cultura do tabaco, Antônio e o pai iniciaram o cultivo de hortaliças para serem vendidas in natura na região. Pouco depois montaram a agroindústria Conservas Will e passaram a beneficiar parte da produção. Com a inclusão da família no programa de diversificação de culturas, a assistência técnica chegou trazendo novo fôlego para a empresa. “Estávamos começando meio fraquinho e eles trouxeram projetos que ajudaram a gente a se desenvolver”, conta Antônio.
Os projetos, realizados em parceria com o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), possibilitaram à família acessar políticas de crédito para expansão da agroindústria e a encontrar mercados para os produtos. Hoje a agroindústria produz cerca de cinco toneladas de doces e conservas por mês e é responsável pelo sustento de 10 famílias agricultoras da região. Em 360 m2 de área são produzidas conservas de hortaliças como cebolinha e pepino, além de doces em calda e 12 variedades de geleias. Diariamente são beneficiadas cerca de 800 unidades, em tamanhos de 300g, 500g e 2kg.
Qualidade de vida
Dois motivos principais motivaram a mudança de cultura: pouca rentabilidade e  problemas de saúde. “Muitas pessoas ficam doentes trabalhando com fumo. Tem muito veneno”, explica Antônio. A renda da família que mal chegava a mil reais, atualmente é três vezes maior. Os venenos também estão ficando para trás. Hoje 70% da produção da família tem certificação orgânica. A meta é que em três anos toda a produção seja livre de agrotóxicos.
O acesso a outras políticas foram fundamentais para a consolidação do projeto. Entre elas o crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que é usado para custear a plantação e para investir na agroindústria. O Mais Alimentos – linha de crédito do Pronaf, possibilitou a aquisição de um caminhão refrigerado que, em funcionamento há uma semana, já está fazendo diferença no negócio. “Com o caminhão baú de carga seca a gente perdia muita coisa. Os produtos in natura estragavam, murchavam e apodreciam. Agora está muito melhor”, conta.
Além disso, um dos principais mercados da produção da família é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), executado pelo MDA. “Estamos com um bom mercado aqui, estamos com falta de produção até, na verdade”, revela seu Antônio que espera aumentar a linha de produtos para atender mais demandas da região. Para isso ele ajuda na conscientização de outras famílias da região, esperando que elas sigam seu exemplo e, quem sabe, possam fornecer seus produtos para a agroindústria.
O programa
Coordenado pelo MDA, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), o Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com o Tabaco concede aos agricultores familiares produtores de fumo acesso à Assistência Técnica e Extensão Rural para produção de alimentos como alternativa economicamente viável à cultura do tabaco. A partir de cursos de capacitação, fomenta o acesso à informação e apoia na comercialização. O programa também promove o desenvolvimento de pesquisas em parceria com universidades federais e estaduais, que apontam a realidade desses produtores em relação a danos ambientais e na saúde decorrentes da produção.

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