domingo, 17 de fevereiro de 2013

Escravidão sexual chega a Belo Monte




Boate Xingu: dali, garotas podiam sair uma vez por semana, por uma hora, sempre sob vigilância
Boate Xingu: dali, garotas podiam sair uma vez por semana, por uma hora, sempre sob vigilância
Meninas foram atraídas no Sul, para “ganhar R$14 mil mensais” na grande obra. Viviam trancadas em cubículos sem janelas
Por Inês Castilho
Que junto a uma grande obra sempre brotará um prostíbulo, não é novidade. É uma questão de mercado, dirão. Toda grande concentração masculina, seja de peões, políticos ou empresários, atrai serviços sexuais femininos. De fato. Mas a denúnciatrazida a público pela jornalista Verena Glass, da Repórter Brasil, vai além disso. Relata “escravas sexuais” trabalhando em boate dentro de um dos canteiros de obras da hidrelétrica de Belo Monte – uma obra de responsabilidade do governo brasileiro.
São 14 mulheres e uma travesti, encontradas pela polícia civil de Altamira (PA) em situação de escravidão e cárcere privado. A operação policial, realizada na quarta-feira de cinzas (13.02), aconteceu depois de uma jovem de 16 anos fugir e fazer a denúncia ao Conselho Tutelar. Segundo a conselheira Lucenilda Lima, para chegar à boate foi preciso atravessar o canteiro de Pimental, um dos principais da usina. “Foi uma burocracia na entrada para a gente conseguir passar. E, lá mesmo, toda hora passavam os carros e tratores de Belo Monte, eu considero que a boate está na área da usina”.
As jovens, com 18 a 20 anos, vindas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, eram confinadas em pequenos quartos sem janelas, trancados por cadeado do lado de fora. Segundo o delegado, contaram que podiam ir à cidade de Altamira uma vez por semana, por uma hora, vigiadas pelos funcionários da ‘boate’. “Viemos em nove lá de Joaçaba (SC). Falaram que seria muito bom trabalhar em Belo Monte, que a gente ganharia até R$ 14 mil por mês, mas quando chegamos não era nada disso”, contou uma delas. Dois funcionários da boate foram presos, e os donos estavam sendo procurados. Além de exploração sexual de menor, cárcere privado e trabalho escravo, o caso poderá ser caracterizado como tráfico de pessoas – crime denunciado por Salve Jorge, a novela do momento.

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