sábado, 16 de fevereiro de 2013

O PESO MATERIAL DAS IDÉIAS: BENTO & MERKEL


Não se deve subestimar o efeito irradiador da endogamia entre a ortodoxia  dos costumes e a desregulação da economia.  Embora declinante, a força simbólica do Vaticano jogou e joga um papel  significativo na engrenagem ideológica que sustenta o alicerce de uma unificação européia estruturada e comandada pela lógica mercadista. As mazelas delinqüentes cometidas no interior do Banco do Vaticano ilustram a funcionalidade desse matrimônio de opostos complementares. Sua força demolidora difundiu-se mundo afora na negação do humanismo e na desmoralização do Estado do Bem Estar Social pelos interesses sabidos. Tucanos brasileiros farejaram os ares bentos: em 2010, Serra defendia a desregulação do pré-sal e aliava-se ao bispo da Opus Dei, Dom Luiz Bergonzini, para demonizar a 'Dilma aborteira'. Nada se faz sem um pouco de fé  e algumas gotas de água benta. Para ser livre e desregulado o mercado precisa de lubrificantes imaginários. A sintonia entre Bento XVI  e Angela Merkel, por exemplo, escapa às análises convencionais da renúncia do papa. Mas foi premonitoriamente destacada em artigo escrito pelo professor José Luís Fiori para Carta Maior, em junho de 2009. Três anos depois, a história apertou o passo. O texto preserva sua atualidade. Como se aguardasse os acontecimentos para reiterar a aderência de um intercurso histórico.

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