domingo, 10 de março de 2013

Sem medo de ser mulher

08.03.13 - Mundo

 
Selvino Heck
Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República
Adital


"Pra mudar a sociedade do jeito que a gente quer/ Participando sem medo de ser mulher”. Com o refrão desta música de Zé Pinto, muito conhecida nos movimentos sociais e pastorais populares, as mulheres do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) receberam a presidenta Dilma no seu 1º Encontro Nacional em fevereiro no Parque da Cidade em Brasília, com o lema: "Na sociedade que a gente quer, basta de violência contra a mulher”.
Foi emocionante ver a presidenta batendo palmas no ritmo alegre e festivo da música, que diz mais: "Porque a luta não é só dos companheiros/ participando sem medo de ser mulher./ Pisando firme sem medir nenhum segredo/ participando sem medo de ser mulher./ Pois sem mulher a luta vai pela metade/participando sem medo de ser mulher”.
A Declaração final do Encontro das Mulheres Camponesas reflete a letra da música, quando fala dos desafios colocados hoje: "O fim da violência exige a luta pela transformação da sociedade e das relações humanas. Mulheres e homens precisam reencontrar a dignidade e compreender sua ação como parte do universo; fortalecer e ampliar a organização dos grupos de mulheres como espaço de reflexão, conscientização de sua condição na sociedade e formulação de estratégias da luta camponesa e feminista; promover a autonomia econômica, política e social das mulheres e fortalecer a luta contra a violência; participar e assumir os espaços de decisão e poder”.
Estamos num tempo em que é preciso afirmar por inteiro o ‘sem medo de ser mulher”. Mulher participante, ativa, com vez e voz e ‘assumindo os espaços de decisão e poder’. Ou nas palavras da presidenta Dilma: "Eu fico feliz porque acredito que a ação associativa de uma cooperativa, ela também tem o poder imenso de organizar a participação, que foi o lema desse canto que escutei: ‘Participando sem medo de ser mulher’. E participando aqui, é participar na cooperativa, é participar nas associações de mães; enfim, é participando”.
Mas é bem mais que isso. É ser agente da história por inteiro. De novo, nas palavras da presidenta Dilma: "O Brasil precisa da mulher camponesa na condição de cidadã, não é na condição de produtora somente, é na condição de cidadã. Precisa da sua inteligência, precisa da sua força, precisa da sua experiência, precisa da sua coragem, porque a gente sabe que na vida é preciso ter coragem. E também da sua mão incansável para continuar avançando na construção de uma sociedade em que a igualdade entre homens e mulheres seja regra e nunca exceção”.
Não é pouca coisa. É mais que sonhar. É ter projeto, é querer a transformação.
Sem medo de ser mulher. Para isso, segundo as mulheres camponesas, "é indispensável a luta, a organização e formação, potencializando as experiências de resistência popular, onde as mulheres sejam protagonistas de sua história”.
Nas palavras da presidenta Dilma no 11º Congresso das Trabalhadoras e Trabalhadores da CONTAG esta semana: "Nós temos um papel tão importante na sociedade como temos nas nossas famílias. E esse papel, na sociedade é aquele mesmo que nos transforma de guerreiras em mães, de lutadoras em companheiras. E eu considero muito importante a firmeza e a determinação que cada uma das mulheres brasileiras eu sei que tem”.
E no Encontro Nacional do MMC, de novo a presidenta Dilma: "No refrão que vocês aqui repetiram, com muita força – para mudar a sociedade do jeito que a gente quer, participando sem medo de ser mulher -, é um refrão que mostra a força e o espírito deste Encontro. De fato, a mulher brasileira, moradora no mundo rural, militante e participante da vida da sua família, dos seus, da sua comunidade, tem a necessidade de ter uma grande força. Uma força e, ao mesmo tempo, uma altivez, uma cabeça erguida, uma sensação forte de autoestima, e aquela teimosia, aquela tenacidade, aquela determinação que tem em cada mulher, em cada mulher jovem, em cada mulher mãe, e, eu sempre acrescento agora, em cada mulher avó”.
Não é fácil, há muito que caminhar. Poderíamos e devemos todas e todos cantar com Milton Nascimento a bela ‘Maria, Maria’, neste Dia Internacional da Mulher: "Mas é preciso ter força/ É preciso ter raça/ É preciso ter gana sempre/ Quem traz no corpo a marca/ Maria, Maria/ Mistura a dor e a alegria./ Mas é preciso ter manha/ É preciso ter graça/ É preciso ter sonho sempre/ Quem traz essa marca/ Possui a estranha mania/ de ter fé na vida”.
Viva as mulheres de coragem, que não têm medo de serem mulheres. E participam. E vão à luta. E têm fé na vida.
Em oito de março de dois mil e treze.

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