segunda-feira, 9 de março de 2015

A história de Iranilda Catarina: “As mulheres não são tão frágeis assim como o povo pensa”

06/03/2015 19:00
No ano passado, ela e mais quatro mulheres do quilombo Acauã (RN) aprenderam
 a profissão de cisterneiras

Brasília, 6 – No Semiárido, as políticas sociais vêm transformando o cotidiano de milhares de
 mulheres que deixaram de ir atrás de água para beber e preparar os alimentos. Das mais de
 788 mil cisternas construídas na região desde 2011, 73% foram entregues a mulheres. “Temos
 estudos que mostram que cada mulher perdia, em média, quatro horas por dia para ir buscar 
água. Há relatos de pessoas que caminhavam até 10 quilômetros para ter água para beber”, 
lembra a ministra Tereza Campello.

Iranilda Catarina da Silva, 26 anos, mora no quilombo Acauã, próximo ao município de Poço 
Branco (RN). Ela conta que tinha que caminhar três quilômetros até a cidade para encher uma 
lata de 20 litros com água. As duas viagens que fazia por dia tomavam toda a manhã da
 agricultora familiar. Em 2006, recebeu a cisterna de 16 mil litros para armazenar água da
 chuva. A melhoria de vida, Iranilda conta que percebeu no paladar. “A água da cisterna é
 muito boa, ela é doce. Antes, era bem salgada”, diz.

Em 2014, Iranilda e mais quatro mulheres pegaram as enxadas, colocaram a mão na massa
 e aprenderam uma nova profissão que exercem até hoje: cisterneiras. “O reservatório calçadão 
da minha casa fui eu quem construiu”, ressalta a quilombola que já fez mais de 10 unidades na
 comunidade. “No início, algumas pessoas diziam que não queriam uma cisterna construída 
por mulher porque ia vazar água. Não ocorreu isso em nenhuma que fizemos e agora todos
 querem uma cisterna.”

Por cada reservatório construído – com capacidade de 52 mil litros, Iranilda ganha, em média,
 R$ 600 que utiliza para a alimentação, para comprar roupas e material escolar para os três filhos. 
Para as próximas semanas, a cisterneira está com a agenda cheia. Ela vai construir mais cinco 
cisternas no quilombo Acauã. Reforça que não aceita mais o preconceito em relação às mulheres.
 “As mulheres não são tão frágeis assim como o povo pensa”, afirma. “A água tem gerado vida e
 renda para a nossa comunidade.” Atualmente, Iranilda e mais 50 famílias do quilombo vivem 
uma nova expectativa: em maio deste ano, elas irão receber residências do Programa Minha 
Casa, Minha Vida.

No campo, as políticas públicas também contribuem para que as mulheres ajudem na 
alimentação dos filhos e na renda. Um exemplo disso é a presença feminina nas chamadas
 públicas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater): 30% dos postos de extensionistas 
e 30% dos beneficiários devem ser de mulheres. Das 147,4 mil famílias que fazem parte do
 Programa de Fomento às Atividades Rurais, 76% têm a mulher como responsável pelo cartão 
que recebe os recursos do governo federal.

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