terça-feira, 10 de março de 2015

Camponesas ocupam fábrica de agrotóxicos no Rio Grande do Sul



MST
Adital

Na manhã desta terça-feira, 10 de março, cerca de 800 mulheres camponesas do Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ocuparam a sede da multinacional israelense Adama, em Taquari, Estado do Rio Grande do Sul.

mst
Mulheres da Via Campesina defendem soberania alimentar e combatem agronegócio.

A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas da Via Campesina em defesa da soberania alimentar, contra a violência e o modelo do agronegócio na agricultura, considerado pelos movimentos prejudicial à vida das mulheres camponesas. Ao longo desta segunda-feira, 09, mais de 15 mil mulheres participaram das ações em 15 estados brasileiros, com marchas, ocupações e trancamento de rodovias. 
"Em contraponto ao agronegócio, que não produz alimentos, destrói a biodiversidade e contamina os alimentos, com o uso intensivo de agrotóxicos, defendemos a agricultura camponesa para a produção de alimentos saudáveis, sem venenos e a preservação da vida das camponesas e camponeses”, denuncia a dirigente estadual do setor de Gênero do MST, Arlete Bulcão. 
A multinacional Adama é uma das maiores empresas de agroquímicos do Sul do país, na produção de princípios ativos de agrotóxicos para sementes, incluindo o veneno 2,4-D, que estava proibido no Brasil por ser cancerígeno. O 2,4D é um dos principais componentes do agente laranja, usado como arma química no Vietnã. 
As camponesas denunciam o uso intensivo de agrotóxicos pelo agronegócio, que transformou o Brasil, hoje, no maior consumidor de venenos do mundo, com mais de 1 bilhão de litros despejados nas terras e águas brasileiras. Denunciam ainda o envenenamento dos alimentos consumidos pela população e, conforme pesquisas da Fiocruz, causa doenças como depressão, má formação em fetos, câncer e infertilidade. 
As ações das mulheres do campo e da cidade também reivindicam a Reforma Agrária Popular, com o assentamento de todas as 120 mil famílias acampadas no país, o fim da violência contra a mulher e a criação de políticas públicas para as mulheres do Rio Grande do Sul. 
"Segundo os dados da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, criada pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, entre as mulheres do campo e da floresta, 93,7% afirmaram terem sofrido violência doméstica e familiar. O que mostra como o cotidiano das mulheres é marcado pela violência”, explica a dirigente estadual do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Adriana Mezadre. 
As pesquisas também apontam que as mulheres camponesas têm mais dificuldade de acesso para fazer as denúncias. Nesse sentido, a Via Campesina vem desenvolvendo uma campanha de combate à Violência contra as Mulheres Camponesas para romper com a opressão. 
Programação: Jornada das Mulheres do campo e cidade 
Paralelamente à ação na multinacional, a partir das 11h, 300 mulheres de movimentos do campo e da cidade realizaram um ato público na Praça Matriz de Porto Alegre [Rio Grande do Sul], em denuncia à violência contra as mulheres e cobrança a implementação da Lei do Feminicídio, sancionada, nesta segunda-feira, 09, pela presidenta Dilma Rousseff. Em seguida, por volta das 13h30, as mulheres também participaram de uma audiência pública para denunciar o uso de agrotóxicos e a violência contra a mulher, na Assembleia Legislativa do Estado. 
A Lei do Feminicídio prevê penas que podem variar de 12 a 30 anos de prisão e torna mais dura a pena de homicídios cometidos contra mulheres por motivo de discriminação de gênero ou violência doméstica. 
A partir das 9h, dezenas de trabalhadoras desempregadas do MTD de Eldorado do Sul também realizaram uma caminhada no Centro da cidade para denunciarem a falta de creches e de educação infantil para os filhos e filhas de trabalhadores, e reivindicarem a implementação de políticas públicas para as mulheres do município.

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