terça-feira, 10 de março de 2015

Subalimentação deixou de ser um fenômeno generalizado no Brasil

Posted: 10 Mar 2015 12:00 PM PDT
Com informações da revista O Brasil Mudou
img_materia5_viniciusVinícius Dexter, filho da auxiliar educacional Ângela Machado, faz cinco refeições diárias na creche que frequenta em Porto Alegre. Foto: Divulgação/Mds
A fome e o frio fizeram parte do passado da gaúcha Ângela Maria Machado, 34 anos, filha de uma família de 24 irmãos. Os pais trabalhavam como carroceiros na periferia de Porto Alegre (RS). Por vezes, faziam bicos para dar conta das despesas da casa.
Já Vinícius Dexter, filho de Ângela, faz cinco refeições diárias na creche que frequenta em Porto Alegre filhos para a creche da Associação Comunitária do Campo da Tuca, na zona leste da capital gaúcha. Lá, havia apenas uma refeição: polenta com guisado ou salsicha. “Não tinha esse luxo que tem agora”, comenta ela, que hoje trabalha como auxiliar de educadora na instituição.
Vinícius frequenta a mesma creche que a mãe, 30 anos depois, mas não reprisa a mesma história de miséria e fome. Além das refeições, recebe acompanhamento médico e nutricional. Parte dos ingredientes das refeições oferecidas na creche vem da agricultura familiar, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Ele repete o que aconteceu com o irmão mais velho, Wellington Benício, nove anos, que deixou a creche há três anos, onde superou um quadro de desnutrição. A mãe relembra que os dois filhos entraram na instituição abaixo do peso ideal.
Ângela ainda é beneficiária do Bolsa Família e está consciente de que, com o aumento da renda, já não precisará do dinheiro do programa. No entanto, sabe o quanto ele foi fundamental para que a vida de seus filhos fosse diferente da sua. “O Bolsa me ajudou muito, principalmente na alimentação dos meus filhos. Eu não quero que eles passem pelo que passei”, diz ela, que buscou se qualificar profissionalmente para conseguir o emprego na creche.
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A realidade dos filhos de Ângela não representa casos isolados. A fome, que atingia as crianças brasileiras e respondia por parcela significativa da mortalidade infantil, deixou de ser um fenômeno generalizado no Brasil. Em pouco mais de dez anos (2002 a 2013), de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 15,6 milhões de pessoas no Brasil deixaram a condição de subalimentadas, uma queda de 82,1%. Hoje, com um índice de apenas 1,7% de brasileiros em situação de subalimentação, o Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas.
A FAO destacou, entre as ações que contribuíram para tirar o país do Mapa da Fome, não apenas as que garantiram renda à população e investimentos em agricultura familiar, como também a oferta de merenda escolar nas escolas públicas e creches do país. Todos os dias, 43 milhões de crianças e jovens (mais do que a população da Argentina) recebem refeições, com produtos vindos, em parte, da agricultura familiar, comprada pelo governo diretamente dos pequenos produtores e repassada às instituições. Além de ajudar a melhorar a renda de famílias de produtores rurais, o programa de merenda escolar contribui fortemente para os resultados alcançados nos últimos anos na redução da desnutrição, aguda e crônica.
Não apenas caiu drasticamente a mortalidade infantil devido à desnutrição (58%), como a estatura dos meninos e meninas melhorou. Crianças beneficiárias do Bolsa, medidas entre 2008 e 2012, estão na média quase um centímetro maiores, num espaço de tempo de apenas quatro anos, segundo estudo doMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Ministério da Saúde, baseado nos dados de condicionalidades do Bolsa Família. É uma vitória incontestável: o déficit de altura é um dos sinais de desnutrição crônica, que afeta o desenvolvimento intelectual das crianças.
As novas gerações sem fome serão brasileiros mais saudáveis e mais desenvolvidos, um investimento no futuro do país. Dentre as cinco regiões do Brasil, os efeitos das transferências de renda e suas condicionalidades, integradas às ações do Plano Brasil Sem Miséria em seus vários eixos de atuação, foram particularmente marcantes para as crianças das regiões Norte e Nordeste do país.
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