Por Fábio Lau
|
Na guerra vale tudo, diriam alguns apressados. Mas acaso estamos em guerra? O processo democrático não veio para delimitar ações e prestigiar o
Leia também:
Mansão dos Marinhos aparece ao vivo na Globo durante protesto
Ao assinar o AI 5, o golpe dentro do golpe, o
Fato é que um calhamaço com mais de 400 páginas teria sido entregue a uma jornalista. Uma pausa aqui: ela é casada com o ex-ministro da Justiça do governo Dilma, José Eduardo Cardoso. Feita a publicação da Isto É sem que as partes citadas fossem ouvidas (um princípio jornalístico aí foi quebrado - mas como esperar ética neste momento?), e criado o escândalo, a tarefa passou a ser algo patético: confirmar a reportagem. Saber se é fato o que foi publicado é a representação da verdade. Afinal, a revista, assim como outras semanais não goza de
O marido da repórter, José Eduardo Cardoso (até anteontem ministro e hoje advogado da União) a negou (se não na essência, pelo menos quanto ao objetivo do denunciante). O procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, a quem deveria ser encaminhada a delação, tampouco confirmou. Disse não saber de nada e que nada o havia sido entregue. Por fim, o próprio delator, via comunicado oficial, também desacreditaria o material. Embora não negue de maneira peremptória, Delcídio Amaral diz não reconhecer o documento e ainda afirma não ter sido procurado pela jornalista (é a busca pela ética em tempos de guerra).
O time de colunistas e a esperança no |
A TV Globo fez a festa na edição de quinta-feira (3). O seu Jornal Nacional, que agoniza na audiência há anos (perdeu 15% do seu público em dez anos), usou 2/3 do seu tempo para atacar. Fez da dúvida a certeza de que o bolo da democracia precisa desandar. E, no melhor estilo "agora vai!", apresentou uma imagem da alta surpreendente da Bolsa onde o índice Bovespa pateticamente é chamadoBobespa - ato falho.
O erro viralizou nas redes sociais e houve gente - como este repórter - que pensou ter lido errado.
Os jornais impressos, exercendo a combinação prévia comum aos donos do oligopólio da mídia, dão sequência a arte de convencer. As manchetes seguem o mesmo tom catastrófico. Como se pode perceber mais uma vez, a crítica não é individualizada. A despeito de venderem cada vez menos e ampliarem a rejeição, agem como manada. Mas não importa o desejo do leitor em ter acesso à verdade. O que vale é o resultado - "e não me venha em falar de ética numa hora dessas!"
O time de colunistas do Globo, jornal que mantenho a assinatura por preguiça, não faz diferente. Em uníssono esbanja confiança (ou esperança) no "agora vai!"
Delcídio teria prestado depoimento sob pressão, de maneira a atender aos anseios dos justiceiros da Lava-jato, ou como vendeta. Afinal, foi abandonado pelos colegas de partido no momento seguinte à sua prisão. Pouco importa. A ética, nessa hora, como se sabe, é como a noite onde todos os gatos são pardos. Ao senador, quando emite um comunicado, falta a indignação dos inocentes. Resta aos que respeitam a democracia, nos vários estágio da República, fazerem os aventureiros aceitar que ela sim deve ser respeitada. Democracia é a única instituição que admitimos impor pela força.
NdaR: contar o final de filmes é uma especialidade: na película imaginada pelos golpistas Lula será arrastado algemado para um camburão e de lá atirado numa masmorra onde passará o resto dos seus dias. Dilma será o tapete da entrada do presídio.
Manchetes e a uniformidade de pensamento |
Nenhum comentário:
Postar um comentário