terça-feira, 10 de maio de 2016

Sem Terras Ocupam Fazenda de Temer em São Paulo


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Foto: Mídia NINJA
Foto: Mídia NINJA
Na manhã desta segunda-feira (09/05), mil famílias organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda Esmeralda, com sede em Duartina-SP, ligada ao vice-presidente Michel Temer. Os ocupantes denunciam as conspirações golpistas de Temer, muitas vezes articuladas de dentro da propriedade, ao mesmo tempo que recolocam a necessidade da Reforma Agrária.
A fazenda tem hoje cerca de 1500 hectares, entre os municípios de Duartina, Fernão, Gália e Lucianópolis. Apesar de não constarem registros documentais em nome de Temer, é corrente na cidade a noção de quem é o verdadeiro dono da área, a quem se referem com a expressão “o homem está aí!”, sempre que o vice presidente chega na fazenda para participar de articulações regionais e nacionais do PMDB.
Os manifestantes denunciam que a fazenda cultiva eucalipto, que chamam de “deserto verde” pela sua atuação maléfica de aniquilar os nutrientes do solo. Além dos prejuízos ambientais, o agronegócio praticado ali já foi denunciado pelo Ministério Público do Trabalho também como agressão aos direitos trabalhistas, quando foram realizadas diligências que identificaram trabalho em condições análogas à escravidão.
“Nós estamos ocupando esta fazenda do Temer para denunciar a intervenção do agronegócio na articulação do golpe. A Reforma Agrária, por sua vez, deve ser recolocada na agenda política do país”, informa Kelli Mafort, da Direção Nacional do MST. “Este foi um dos QG do golpe. Estamos aqui para denunciar as ligações escusas de Michel Temer com o proprietário da fazenda e sua empresa de fachada para arregimentar propina”, conclui.
Foto: Mídia NINJA
Foto: Mídia NINJA

Denúncias na Lava Jato

A Argeplan, empresa do proprietário formal da fazenda, Coronel “Lima”, que era uma empresa pequena, começou a crescer após a chegada de Temer no alto escalão do governo. Num contrato de R$ 162 milhões com a empresa Engevix, cujo proprietário José Antunes foi preso na operação Lava Jato, foi revelada (em delação premiada pelo próprio Antunes) a passagem de propina no valor de R$ 1 milhão para o PMDB de Temer.
Apesar de ter mais de 1500 hectares, em uma situação análoga ao “sítio de Atibaia” de 15 hectares remetido ao ex-presidente Lula, a fazenda Esmeralda no interior de São Paulo nunca teve a mesma cobertura de sua real posse pelo pemedebista Michel Temer. Além de sediar atividades regionais do PMDB, a propriedade funcionou como QG das articulações golpistas do Vice, que esteve no local no último dia 1º de maio.
Foto: Mídia NINJA
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Amigo de torturador

Associando a imagem de golpista, os manifestantes relembram que Temer era amigo pessoal do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido torturador nos porões do DOI-CODI, órgão que chefiou durante a ditadura. No processo de acusação a Ustra, Temer foi sua testemunha de defesa, juntamente com outros dois nomes conhecidos por envolvimento em corrupção: Paulo Maluf e José Maria Marin.

“O coronel laranja”

João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, sócio da Argeplan e proprietário formal da fazenda Esmeralda, é coronel da reserva da Polícia Militar da Paraíba, mas curiosamente é proprietário de milhares de hectares de terras em São Paulo. Segundo denunciam os militantes do MST, ele é o “homem do trabalho sujo” entre as empresas e os políticos do PMDB.
Segundo constam nas informações do MST, o Coronel Lima, sendo homem de extrema confiança de Michel Temer (como já veiculado em matéria da revista Época de 21 de abril de 2016), era o responsável pela logística da propina, seja na coação de empresas, no transporte de propinas ou na pressão e ameaças a testemunhas.

Mais irregularidades

Dentro da fazenda está localizada a antiga estação de trem Esmeralda, que foi desativada, mas, diferente das demais estações no estado de São Paulo, não pode ser acessada nem pelos órgãos responsáveis do patrimônio público. “A faixa de terra da estação é pública e não poderia ser apropriada de forma privada como está sendo. Isso tem nome: para nós é ‘grilagem’!”, adverte Mafort.
As famílias já começaram a erguer seus barracos de lona na fazenda e iniciam o cotidiano da ocupação, com trabalho coletivo, montagem das cozinhas, a ciranda infantil e com a criação da mística do novo acampamento.

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