quinta-feira, 26 de julho de 2012

Os atos de José Serra contra a liberdade de expressão




Levantamento revela: ex-governador usa poder para demitir jornalistas que o criticam, destratar com rispidez repórteres que fazem perguntas incômodas e exigir fidelidade de jornais que veiculam publicidade oficial 
Por Luis Nassif, em seu blog
[Título original: "A truculência reiterada de Serra"]
Aqui vai um apanhado da truculência de José Serra, a partir da contribuição de vocês [dos leitores do blog do Nassif].
1.    Inspirado por José Serra, o diretório nacional do PSDB entrou com representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), questionando a publicidade da Caixa Econômica Federal (CEF) no Blog Luís Nassif Online.
2.    Recentemente, a Burson Mursteller considerou o Blog um dos 4 jornalísticos mais influentes do Twitter e o único independente.
3.    O Blog tem conteúdo analitico e informativo. Grande parte do conteúdo é constituído de clipping de jornais, sugeridos pelos leitores.
4.    No dia em que foi noticiada a representação, a análise dos últimos 300 posts do Blog revelavam o seguinte: 8 apenas foram sobre o mensalão, todos decorrência da decisão recente do TCU (Tribunal de Contas da União) de considerar regulares as contas do BB no período Pizolatto; cinco deles, reprodução de matérias de jornais; duas deles, de leitores analisando o papel dos ministros do TCU; outros dois, minimizando o relatório do TCU: um, a nota do próprio TCU, outra, matéria do Globo informando que o Procurador Geral da República não se deixaria influenciar pela decisão do TCU. Em relação às eleições, 11 posts, dentre os últimos 300: desses, 6 de jornalões e portais; um de site de esquerda; dois do blog, sobre a tropa de choque de Serra e sobre a foto ridícula dele no skate; dentre os 11, um do Globo com Serra acusando os blogs.
5.    O que Serra pretende é calar qualquer voz crítica em relação a ele, como usualmente faz com jornalistas da própria velha mídia.
6.    No mesmo dia, era possível identificar publicidade da mesma CEF e de outras estatais em blogs claramente militantes pró-Serra, como os da Veja.
Quanto a Serra, um apanhado de como atua em relação aos críticos:
1.    Por pressão de Serra, a TV Cultura não renovou meu contrato em 2008 devido a comentários no meu blog sobre os maus resultados da Sabesp. Na época critiquei os gastos da Sabesp com uma campanha publicitária veiculada em todo o país, incompatível para uma empresa de saneamento estadual. A não renovação do contrato foi cumprida por Paulo Markun e Gabriel Priolli.
2.   O apresentador Heródoto Barbeiro foi afastado da TV Cultura por ter feito uma pergunta sobre pedágio a Serra, durante um Roda Viva. No programa, Serra mente, diz que o pedágio da Ayrton Senna baixou pela metade. Não explicou que a cobrança, que antes era em apenas uma direção, passou a ser nas duas.
3.    Depois de ter siodo instrumento de Serra para meu afastamento, o próprio chefe de jornalismo Gabriel Priolli foi afastado por ter feito uma pauta sobre pedágio.
4.    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – a quem Serra deve sua carreira – foi duramente atacado pelo historiador Marco Antonio Villa (praticamente único intelectual militante que ainda se alinha com Serra) dias depois de ter declarado que o candidato do PSDB à presidência, em 2014, seria Aécio Neves. Clique aqui.
5.    Em fins de 2009, publiquei um artigo sobre o estilo de administrar de Serra, mostrando sua total inapetência para gestão. O Secretário de Comunicação Social procurou jornais do interior paulista – que republicam a coluna – ameaçando com cortes de verbas.
6.    Minha irmã Maria Inês Nassif foi alvo de uma pressão pesada da Secretaria de Comunicação Social do governo Serra – a mando do próprio governador – por ter se pronunciado, em coluna no Valor Econômico, contra o instituto da delação na lei antifumo. Dias e dias de pressão até que o Valor aceitou pubicr artigo do Secretário de Justiça acusando-a de fazer lobby da indústria do cigarro.
7.     A jornalista Márcia Peltier foi destratada por Serra, com palavras duras, por ter feito perguntas julgadas impertinentes pelo candidato.
8.    Destrata ao vivo repórter da rádio Capital que perguntou sobre as novas pesquisas políticas em 2010.
9.    Esse mesmo comportamento se observou em entrevista concedida por ele à rede RBS, no Rio Grande do Sul.
10. A resposta ríspida à repórter da TV Brasil que perguntou sobre problemas de água em São Paulo.
11.    O portal Brasilianas não faz militância politica: trata de política públicas. A Sala de Gestão, que está para ser lançada, contém parcerias já firmadas, entre outros, com os governos de Minas Gerais e Pernambuco, através de seus governadores Antonio Anastasia (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), o que demonstra o pluralismo do projeto.
12. Desde que os métodos de Serra se tornaram conhecidos, tornei-me um crítico acerbo de seu estilo de gestão e de fazer política. Até por débito com a opinião pública, por ter acreditado em Serra anteriormente. Reitero que, hoje em dia, o predomínio de Serra sobre o PSDB ajudou no afastamento de toda uma geração de intelectuais de peso que historicamente apoiaram o partido. Aliás, o maior mal que o estilo truculento de Serra provoca, é contra seu próprio partido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário