A renda familiar, a escolaridade dos pais e outros fatores socioeconômicos explicam 80% da média das escolas com mais de 10 alunos prestando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os outros 20% podem ser creditados ao mérito da própria escola. Esses resultados foram obtidos pelo pesquisador Rodrigo Travitzki ao analisar dados do Enem dos anos 2009 e 2010 para sua pesquisa de doutorado. O objetivo do estudo era saber até que ponto o ranking de escolas do Enem tem validade como indicador de qualidade escolar.
Valéria Dias
Valéria Dias
Ranking de escolas do Enem serve mais às elites do que ao governo ou sociedade
Dentro da ótica do novo ranking, uma escola de periferia, que ocupa um lugar desfavorável no ranqueamento atual, pode ser muito melhor conceituada na análise realizada por Travitzki caso tenha alunos com uma boa pontuação no Enem.
De abril a agosto de 2012, o pesquisador esteve na universidade espanhola onde trabalhou com os microdados do Enem coletados por meio do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Os dados obtidos após o processo de filtragem são de cerca de 1 milhão de alunos para cada ano. Travitzki escreveu um programa de computador baseado em software livre, sendo que a análise foi realizada sob o ponto de vista da economia voltada para a educação. “Posteriormente pretendo disponibilizar esses códigos”, informa o doutorando.
Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio foi criado em 1998, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de fornecer uma avaliação do ensino médio brasileiro. Na gestão do ex-presidente Lula (e que se estende aos dias atuais, na gestão da presidenta Dilma Rousseff), a nota do Enem passou a ser utilizada para a conquista de vagas em universidades privadas – via Programa Universidade para Todos (Prouni) por meio da concessão de bolsas de estudo em cursos de graduação -, e também na conquista de vagas em universidades federais brasileiras.
O Exame Nacional do Ensino Médio foi criado em 1998, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de fornecer uma avaliação do ensino médio brasileiro. Na gestão do ex-presidente Lula (e que se estende aos dias atuais, na gestão da presidenta Dilma Rousseff), a nota do Enem passou a ser utilizada para a conquista de vagas em universidades privadas – via Programa Universidade para Todos (Prouni) por meio da concessão de bolsas de estudo em cursos de graduação -, e também na conquista de vagas em universidades federais brasileiras.
O ranking das escolas é divulgado desde 2006 e é baseado nas notas dos alunos. A prova é composta por 45 questões de 4 áreas do conhecimento, totalizando 180 questões. O Enem 2012 ocorre nos dias 3 e 4 de novembro. “O exame é o segundo maior do mundo, avaliando cerca de 6 milhões de alunos ao ano, perdendo apenas para o chinês, que avalia, anualmente, 10 milhões de alunos”, informa o pesquisador.
Prejuízos à educação
Para Travitzki, o ranking de escolas atual fornecido pelo Enem pode empobrecer a educação brasileira por dois motivos. “As escolas começam a se preocupar mais com os bons resultados em testes e podem começar a esquecer de outros elementos importantes para o aprendizado, como a inteligência emocional e a capacidade de trabalhar em grupo, por exemplo. O segundo ponto é que o ranking tende a aumentar as desigualdades, pois favorece as escolas que tiveram as melhores notas e prejudica as que tiveram notas ruins.”
Para Travitzki, o ranking de escolas atual fornecido pelo Enem pode empobrecer a educação brasileira por dois motivos. “As escolas começam a se preocupar mais com os bons resultados em testes e podem começar a esquecer de outros elementos importantes para o aprendizado, como a inteligência emocional e a capacidade de trabalhar em grupo, por exemplo. O segundo ponto é que o ranking tende a aumentar as desigualdades, pois favorece as escolas que tiveram as melhores notas e prejudica as que tiveram notas ruins.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário