sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Aproveitamento de água da chuva deve ser local


Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP foi desenvolvido um modelo de gestão integrada de drenagem e aproveitamento da água proveniente de chuvas e do reúso do esgoto sanitário tratado. Para a elaboração do modelo, em relação às águas da chuva o tecnólogo em saneamento Ricardo Camilo Galavoti avaliou três tipos de cobertura — telhado de zinco, Cobertura Verde Leve (CVL) e Cobertura Tetra Pak.

Paloma Rodrigues
Sistema proposto visa tratamentos locais para a água
Já para o esgoto sanitário tratado, a pesquisa propôs modificações para um sistema de biodigestão desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), visando seu reúso em escala de lote domiciliar. “Torna-se necessário começar a pensar mais em aproveitamento e reuso local, pois isso pode tornar-se mais viável que pensar em um sistema de grande porte, dependendo de cada situação em particular”, diz Galavoti.
Um dos principais objetivos foi verificar a influência que o material de cobertura de telhados exerce sobre a qualidade da água da chuva. A gestão integrada consiste em elaborar um modelo que culmine na racionalização do uso de água, com o aproveitamento da água proveniente da chuva. Os testes foram realizados em escala de lote residencial, que no caso da cidade de São Carlos, no interior de São Paulo, tem o padrão com áreas de 250 metros quadrados (m²). Os testes foram realizados em um lote experimental, montado em um condomínio residencial em São Carlos.
“Queríamos ver a influência que o tipo de material tinha sobre a qualidade da água da chuva armazenada e, para isso, avaliamos os prós e contras de cada sistema”, diz ele. Uma das coberturas, chamada de Cobertura Verde Leve (CVL) retém uma grande quantidade de águas pluviais, enquanto as demais favorecem o escoamento das águas com um melhor padrão de qualidade. Em todos os sistemas de água foram feitas instalações hidráulicas e mecânicas.
Dentre as diversas sugestões feita por Galavoti para tratamento de esgoto tratado está o emprego de um sistema de desinfecção por raios ultravioleta que, no entanto, precisa ser aperfeiçoado para ter sua utilização futura plenamente viabilizada.
Reaproveitamento local
A inovação não foi no campo dos materiais utilizados, pois eles podem ser encontrados em lojas especializadas. O fator que trouxe novidade para o trabalho foi a concepção e as possíveis propostas que podem decorrer dela. “A primeira questão é que não existem muitos sistemas montados. Não se trata de um sistema tão difundido. No nosso caso, criamos um tratamento in loco, ou seja, no local. A partir disso desenvolvemos um estudo de qualidade com diversos parâmetros”, avalia o pesquisador.
A tese de doutorado Proposta de um modelo de gestão integrada de águas urbanas em escala de lote residencial: alcances e limitações foi orientada pelo professor Eduardo Mario Mendiondo. Em seu estudo, Galavoti conseguiu mostrar quais metais inviabilizam o uso das águas pluviais para uso potável. Isso permite que se faça um tratamento local da água, favorecendo sua pronta utilização.
Segundo o tecnólogo, o foco da pesquisa foi o de fomentar uma nova abordagem para a política de águas urbanas no Brasil, que possa ser gerida a partir de uma escala de microdrenagem, ou seja, a partir de lotes residenciais. “É preciso pensar em reutilizar em pequeno porte, priorizando a questão da qualidade da água e também a prevenção de desastres naturais, como enchentes e inundações”.

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