terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Adubação organomineral: economia de 50% em fertilizantes minerais



Por Rodrigo José Muniz
postado há 1 dia atrás

O café apresenta uma alta demanda de elementos minerais em sua nutrição, principalmente dos macronutrientes. Devido a alta complexidade das interações dos nutrientes no sistema (solo x planta x atmosfera), as quantidades usadas são, via de regra, bem maiores do que aquelas que a planta absorve para seus processos vegetativos e produtivos.

Os excedentes originados neste processo, além de onerar o custo de produção da atividade, causam impactos ambientais de relevância, como contaminação do lençol freático com nitrato (N03) e liberação de óxidos nitroso (N2O) na atmosfera, contribuindo desta forma para o aumento do efeito estufa.

A cafeicultura gera uma quantidade considerável de resíduos em seu processo produtivo, em especial nas etapas de colheita e pós colheita (folhas, ramos, cascas de beneficiamento dos frutos, entre outros). Todos os resíduos gerados nas diferentes etapas dos processos são destinado a um pátio de compostagem, onde a matéria orgânica crua é disposta em leiras, tendo o controle da temperatura, umidade e aeração, dando condições para que um processo biológico seja ativado, semelhante às condições naturais encontradas nos solos de floretas. Esse processo milenar de compostagem proporciona como resultado final uma matéria orgânica humificada com excelentes características agronômicas.

Todo este volume de matéria orgânica humificada será destinada à nutrição da lavoura, em um processo denominado de adubação organomineral.

A matéria orgânica humificada, por apresentar características físicas, físico-químicas e biológicas, permite uma maior potencializarão dos fertilizantes minerais quando a ela adicionado, sendo este o atributo de maior relevância do organomineral. Desta forma, espera-se que a eficiência dos elementos minerais seja duplicada, possibilitando desta maneira a redução das fontes de minerais pela metade da dose convencional, sendo feito em uma única aplicação logo após a colheita.

Com isso, há uma efetiva redução dos impactos ambientais bem como menor custo na aquisição de fertilizantes minerais.

O programa completo de fertilização organomineral contempla três etapas distintas sendo:

• 1º - Processo de Compostagem (setembro-janeiro) : tem seu inicio logo após o termino da colheita, quando se dispõe de toda quantidade do resíduos gerados, estendendo por três a quatro meses até que todo material atinja as características de composto orgânico humificado. A partir de então todo material será armazenado em condições ideais até meados de setembro, desta forma todos resíduos gerados em um ano agrícola serão utilizados para fertilização na safra seguinte;

• 2º - Preparo do Fertilizante Organomineral (15 de setembro a 30 de outubro): nesta etapa todo material humificado é transferido para pátios de terreiro pavimentados, os mesmos utilizados nas etapas de secagem de pós colheita, otimizando-os. Faz-se o preparo individual por talhão usando apenas 50% quantidade do mineral recomendado no sistema convencional, sendo o traço de mistura de 1,5 a 2 partes de composto para 1 parte de mineral em quilo;

• 3 º - Aplicação no Campo ( 20 de setembro a 10 de novembro): Após o produto finalizado espera-se em torno de cinco dias para interação das partes, sendo a partir daí levados para os talhões.

A Fazenda Ponto Alegre, no município de Cabo Verde-MG, da família Lima de Sousa (Irmãos Eduardo, Renato e Mabel), é participante do programa Educampo Sul de Minas e certificada UTZ. Os proprietários começaram com o processo de fertilização organomineral no ano de 2006, em um talhão especifico da fazenda. Os resultados colhidos no ano de 2007 bem como os resultados laboratoriais de folhas comprovaram a eficácia do sistema organomineral.

A partir de então, a fazenda focou no estudo e aprimoramento do processo de compostagem, preparo do organomineral (mineral + orgânico), e aplicação no campo, utilizando este processo de fertilização em 100% de sua área, mantendo a produtividade que tinham anteriormente e economizando em fertilizantes minerais.


Ínicio do processo de compostagem;
Composto finalizado e pronto para
ser misturado ao fertilizante mineral
Mistura e posteriormente aplicação no campo

Métodos práticos para determinar a maturação do composto:
• Temperatura: no final do processo devera ser próxima ao do ambiente, um pouco mais quente;

• A aparência não devera identificar o material;

• O Cheiro devera ser terra mofada, de mato;

• O PH devera ser acima de 7 (alcalino);

• Relação C/N 12:1 ;

• Teor de umidade: Proxímo a 20 %;

Esta matéria é de uso exclusivo do CaféPoint, não sendo permitida a cópia e réplica de seu conteúdo sem prévia autorização do portal e de seu autor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário