terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Governo derruba a Instrução Normativa nº 16 e elimina avaliação sensorial do café




26/02/2013


MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br | Folha de São Paulo
O Ministério da Agricultura revogou a Instrução Normativa nº 16, de 2010. Com essa instrução, o governo passaria a fiscalizar a qualidade do café colocado à disposição do consumidor.
Para se enquadrar à IN 16, as indústrias deveriam produzir café com menos de 1% de impurezas e com 5% de umidade, no máximo.
A instrução, que deveria ter entrado em vigor em fevereiro de 2011, na verdade nunca foi colocada em prática. Isso porque a cadeia de café concordava com as duas exigências anteriores do ministério sobre a qualidade do café, mas discordava de uma terceira: avaliação sensorial.
A proposta do governo era boa, uma vez que deveria retirar do mercado cafés que são de baixíssima qualidade.
Estima-se que dos 20 milhões de sacas de café consumidos no país, 400 mil venham de palhas, paus, sementes de açaí e milheto.
Na avaliação da indústria, a degustação sensorial exige muito treino e é um sistema subjetivo para determinar a qualidade do produto.
Após muitas contestações e interrogações, a instrução foi revogada. Agora, o mercado vai repensar esse trabalho, desenvolvendo uma autorregulamentação que envolva toda a cadeia: produtores, exportadores, indústria e até o varejo.
Uma regulamentação do setor é importante para todos, segundo Nathan Herskowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
Os produtores vendem mais grãos, as indústrias não têm uma concorrência desleal e os consumidores terão um produto de melhor qualidade, afirma ele.
A posição do Ministério da Agricultura também vai nesse sentido. Consultado pela Folha, o governo diz que a revogação, além de contar com o apoio dos produtores, aponta para abertura de espaço para que, num futuro próximo, seja elaborada uma proposta de autorregulação.
É função do Ministério da Agricultura proteger o produtor e garantir a qualidade e segurança dos produtos "in-natura", segundo o órgão.
A Abic já tem um programa de qualidade com grau de exigência ainda maior do que aquele que o governo queria implantar na instrução normativa, mas, às vezes, esbarra em dificuldades para punir infratores.

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