domingo, 17 de fevereiro de 2013

Organizações entregam ‘Prêmio da Vergonha’ para responsáveis pela impunidade do massacre de Curuguaty



 
Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
"Nos dá vergonha que a morte de 11 campesinos e a execução posterior de Vidal Vega não importe à justiça. Nos dá vergonha a manobra, tanto da fiscalização e do poder judicial, que terá por resultado a absoluta impunidade dos verdadeiros responsáveis. Por tudo isso, hoje (15) queremos dizer-lhes que sentimos vergonha, que sabemos que querem nos enganar e que não vamos permitir”.Foi com essas e outras declarações que a associação de organizações não-governamentais Decidamos Paraguai entregou, simbolicamente, nesta sexta-feira (15), o "Prêmio da Vergonha” ao promotor Jalil Rachid e ao juiz José Benítez, responsáveis pela investigação - e impunidade - que cerca o massacre de Curuguaty, no Paraguai.
Passados exatos oito meses dos crimes que tiraram a vida de 11 campesinos e 6 policiais, em Marina Cué, terras em litígio entre a firma Campo Morombí e o Estado, organizações e familiares ainda lutam para que a verdade venha à tona, já que além das mortes, 14 campesinos e campesinas, entre eles dois menores de idade, estão sendo processados pelo massacre de Curuguaty. Os/as acusados/as estão detidos em prisões ou cumprindo prisão domiciliar.
No ato de hoje, realizado na esplanada do Palácio da Justiça, os/as manifestantes disseram que são conscientes de que Rachid e Benítez não são os únicos culpados pela injustiça que está sendo cometida neste caso, mas, enfatizaram que eles são os "responsáveis diretos dos atropelos aos direitos humanos das pessoas processadas”, já que podem mudar o rumo dos fatos.
Os/as manifestantes ressaltaram que o promotor Rachid tem faltado com ética na investigação dos crimes, buscando responsabilizar apenas aos campesinos/as e "esquecendo convenientemente” que a maior quantidade de vítimas são os próprios campesinos.
Eles também acusaram o juiz Benítez de "desumanidade” por ter permitido que quatro acusados em greve de fome chegassem aos limites do dano físico por seu ato desesperado, e afirmaram que existem "numerosas manifestações suas de parcialidade” que levam a crer que já existe uma espécie de "sentença prévia”.
Rechaçando a manobra para ocultar a verdade sobre o massacre, os/as manifestantes chamaram a população a unir-se ao sentimento de vergonha e resistir às decisões judiciais que têm sido apresentadas sobre o caso, e afirmaram que o ‘prêmio da vergonha’ representa "o sangue que o promotor e o juiz têm em suas mãos”. "A cidadania hoje denuncia, através disto, tanto sangue impunemente derramado em Curuguaty”, reforçaram.
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