terça-feira, 3 de março de 2015

Pesquisa indica que emprego formal melhorou a vida de moradores de favelas

  • 03/03/2015 15h02
  • São Paulo
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil Edição: Armando Cardoso
Times de futebol de favelas atingidas pela Copa do Mundo disputam a Copa Popular no pico do Morro Santa Marta, em Botafogo (Fenando Frazão/Agência Brasil)
De acordo com a pesquisa do Data Favela, 12,3 milhões vivem nesse tipo de comunidade em todo o Brasil, gerando um mercado que movimenta anualmente R$ 68,6 bilhõesFernando Frazão/Agência Brasil
O emprego formal é o principal indicador da melhoria de condições de vida dos moradores de favelas nos últimos anos, conforme pesquisa do Data Favela, realizada com apoio do Data Popular e da Central Única das Favelas (Cufa).
Divulgados hoje (3), os dados mostram que 53% dessas pessoas têm emprego com carteira assinada. Os números indicam que 18% trabalham como autônomos, 17% atuam na informalidade e 7% são empregadores.
Em todo o Brasil. 12,3 milhões de pessoas vivem em favelas, criando um mercado que movimenta R$ 68,6 bilhões por ano. Nos estados do Amazonas, Pará, Rio de Janeiro e de Pernambuco, o número de moradores nesse tipo de comunidade ultrapassa 10% da população total.
“Se existisse um estado da Federação chamado Favela Brasileira, seria o quinto maior do país. Temos mais favelados do que gaúcho no Brasil”, comparou Renato Meirelles, presidente do Data Popular.
O programa Bolsa-Família tem papel importante na complementação de renda das famílias que vivem em favelas. Um em cada quatro lares tem pelo menos um morador que recebeu o benefício. O índice chega a 58% em Fortaleza, 40% em Recife e 32% em Belém.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, apresenta os resultados do Plano Brasil sem Miséria e as perspectivas de futuro, na abertura do ciclo de palestras 2015 (Wilson Dias/Agência Brasil)
Para a ministra Tereza Campello, empregabilidade é um esforço do governo brasileiroWilson Dias/Agência Brasil
Ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello defendeu o trabalho do governo na geração de empregos que garantiram ganhos sociais nos últimos anos.
“Parece que a geração de mais de 20 milhões de empregos formais nos últimos 12 anos ocorreu naturalmente, mas não ocorreu”, ressaltou após a apresentação dos dados. “A questão da empregabilidade é um esforço do governo brasileiro”, acrescentou.
Sobre as expectativas e desejos dos moradores de favela, o estudo indicou que 3,8 milhões querem ter um negócio próprio. Destes, 51% são mulheres e 87% disseram que já tomaram alguma iniciativa para viabilizar o projeto nos últimos 12 meses.
Entre os entrevistados, 29% têm entre 25 e 24 anos, 17% entre 19 e 24 e 28% entre 35 e 49. “São brasileiros que não se conformam mais em receber um salário mínimo ou um salário mínimo e meio. Eles sabem que, para transformar o sonho em realidade, precisarão crescer, ganhar mais e ser dono do próprio negócio”, explicou Renato Meirelles.
De acordo com o presidente do Data Popular, 63% dos potenciais empreendedores querem montar o negócio na própria comunidade e 19% em bairro próximo. Para o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, a opção está ligada às dificuldades de mobilidade nas grandes cidades e ao perfil dos futuros empresários, entre os quais muitas mulheres.
“É muito difícil para elas continuar com todas as tarefas domésticas e ter disponibilidade para um emprego formal a duas ou três horas da moradia”, destacou Barreto.
Não ter chefe é a principal vantagem para 29% dos que querem empreender. Para 22%, a melhor coisa de um negócio próprio é ter uma fonte de renda, enquanto 20% querem ganhar mais, 11% fazer o que gostam e 8% pensam em liberdade de horário.

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