sábado, 7 de janeiro de 2012

FELIZ LEMBRANÇA - COMUNIDADE ORGANIZADA


              Tres quilômetros antes de chegar a cidade de Alegre, no sul do Estado, para quem vem de Cachoeiro de Itapemirim, tem uma comunidade chamada Caixa D”Água, uma estrada à esquerda que nos leva a comunidade de Feliz Lembrança. Tomando uma estrada de terra batida, andando mais quatro quilômetros, vamos encontrar um conjunto de montanhas, com uma população em torno de 200 pessoas, envolvendo 42 famílias em casas espalhadas numa topografia acidentada, vivem da terra. A área média das propriedades é de 2,0 hectares. São produtores de café conilon, possuem algumas cabeças de gado e estão aprimorando na produção de hortigranjeiros. É assim Feliz Lembrança.
 Até bem pouco tempo, Feliz Lembrança já foi uma grande exportadora de gente, para o centro urbano de Alegre, Cachoeiro, Vitória e Rio de Janeiro. A maior parte das famílias tem parentes que tomaram o caminho da cidade. A vida da comunidade começa a tomar outro rumo quando eles fundaram uma associação de moradores, em 2005. O objetivo primeiro foi o de ter força e representatividade para se relacionarem com o Poder Público, local e estadual. Quando lá estive pela primeira vez ouvi de um produtor o relato de que “antes da associação não éramos nada e nada representávamos. Hoje, organizados e com planos e metas, já somos recebidos de forma e maneira diferente nos gabinetes.  
            Com o crescimento da população urbana do município, as pessoas de Feliz Lembrança que não embarcaram no trem do êxodo rural, estão nos últimos anos se especializando na produção de verduras para venderem na feira e no comércio local. No ano de 2007 com o surgimento aqui no Estado do Programa de Aquisição de Alimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário/MDA e operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento/Conab, a possibilidade de se permanecer no campo aumentou consideravelmente.
           O primeiro projeto do PAA em 2007 envolvia 11 famílias, no ano seguinte, 2008 subiu para 16 e Np ano passado chegou a 21. Neste ano o número passou para 25. Vendo o exemplo da comunidade de Feliz Lembrança, a comunidade de Farinha Seca passou a integrar o PAA. O exemplo positivo atraiu mais gente.  As aquisições do PAA são distribuídas para entidades sociais e grupos sociais em risco. Nos dois primeiros anos três entidades receberam a produção, subiu para 4 no ano passado e neste ano chegou a 12. As receptoras dos alimentos são obras sociais como Hospital, Lar Espiritosantense da Criança, Ordem dos Vicentinos, Casa de Passagem, Apae, Lar dos Vovozinhos e a Escola Luciano Duarte.
       Agora com a entrada em funcionamento efetivo da obrigatoriedade do Poder Público ter de comprar no mínimo 30% da merenda escolar de produtores rurais da agricultura familiar, uma nova perspectiva se abre. Ganham os dois lados. O produtor rural que terá Nova opção de comercialização. Ganha a sociedade em função de que os alunos passam a ter uma alimentação de qualidade. A riqueza gerada pela sociedade, em termos de impostos, circula na região. O superintendente da Conab no Estado, Bricio Junior, me falou que a comunidade de Feliz Lembrança “é um exemplo da capacidade do agricultor familiar capixaba”.
       Em Feliz Lembrança não ouvi reclamações e lamúrias pelo trabalho no campo. Lá pude sentir que a organização, a postura, o trabalho e a competência, deram bons frutos. Feliz Lembrança para todos. Este é o Espírito Santo que trabalha.

Um comentário:

  1. Grande exemplo mesmo, Mansur. São essas famílias que nos levam a acreditar em um campo mais justo e feliz!

    Rafael Paes

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