sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

VIAJAR CURA IGNORÂNCIA (4)



Quando no dia 22 de novembro de 2010, bem cedo deixei a cidade de La Paz, Bolívia, em direção ao Aeroporto de El Alto, 4.028 metros de altitude, fiquei imaginando a força de um povo que resistiu a sanha devastadora do colonizador espanhol por longas décadas de sofrimento e dor.
Na  medida que o taxi subia ladeiras e ia fazendo dezenas de curvas, o meu pensamento girava rapidamente e ia me mostrando cenas das ruas e de uma população onde ainda predomina os grupos indígenas originais. Foram em torno de 22 dias que lá permaneci, mas carrego uma certeza comigo, mesmo que tivesse sido um período maior, sairia com as mesmas dúvidas. Traria uma admiração igual a que tenho hoje:
Mesmo não gostando e evitando sempre dar conselhos ou ensinar alguma coisa, arisco em dois pontos com relação a Bolívia. Antes de chegar aos dois pontos, tenho de dizer que é preferível uma amistosa conversa e uma troca de informações e pontos de vistas a fazer em tom professoral uma lista de conselhos e ensinamentos.
A Bolívia não é um país dirigido por um índio maluco e não é um local onde o seu sinônimo seria cocaína, como quer nos passar boa parte da imprensa, como o intuito claro de nos confundir e esconder a realidade latino americana.
Ir a Bolívia e andar pelas suas ruas, conversar com a sua população, parar nos milhares de quiosques onde as pessoas estão vendendo, é um bom começo para conhecê-la. Pequenos estabelecimentos comerciais, espalhados por toda cidade, se na sua direção estiver uma mulher, certamente ao seu lado estará um filho ou uma filha pequena. Vamos encontrar todo tipo de oferta de mercadoria, como nas cidades brasileiras. Mas lá o numero de pontos de venda são infinitamente superiores aos nossos.
Eu vi muitos pontos de venda onde as mulheres encerram o experiente no início da tarde, um pouco antes do transito ficar mais complicado. Certamente elas devem voltar para suas casas onde iniciarão uma nova jornada. Mas é comum mulheres iniciarem a jornada como vendedoras no final da tarde e indo até a noite.
Mas indo ou não a Bolívia, tem um livro feito por dois brasileiros, Raimundo C. Caruso e Mariléia M. Leal Caruso onde temos uma visão do ponto de vista histórico do que é a Bolívia. O título do livro é Bolívia Jakaskiwa – mudanças políticas, povos indígenas, educação e reforma agrária, publicado pela INTI Editorial de Florianópolis, com 292 páginas que pode ajudar a eliminar a ignorância e preconceito
Voltar a Bolívia sempre será um plano futuro que carregarei. Viver e vivenciar o dia a dia dos seus habitantes, nas ruas, nas casas, nas feiras, nas manifestações políticas e culturais, é uma experiência única. Ver o orgulho e a satisfação de pessoas que não se envergonham das suas origens indígenas é algo interessante. Mas isto é mais instigante quando sabemos o quanto os nativos passaram de humilhação e discriminação. O pesadelo do colonialismo não ficou não somente fato histórico de cinco séculos passados é fato recente e que motivou muito sangue derramado.  
BOLÍVIA, UM BEIJO.

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